"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

"VALERIODUTO MINEIRO" NÃO ENVOLVEU A COMPRA DE VOTGOS E MOVIMENTOU MENOS DE R$ 4 MILHÕES


Com o fim do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), a expectativa dos partidos envolvidos no processo, como o PT, o PP e o PTB, é que outro suposto esquema de corrupção seja analisado pela Corte: o "valerioduto mineiro", que também ficou conhecido como "mensalão mineiro" ou "mensalão tucano".

De acordo com denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF), o "valerioduto mineiro" teria ocorrido em 1998, envolvendo desvio de recursos públicos e financiamento irregular da campanha eleitoral do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), que, na época, tentava a reeleição. A denúncia foi feita em 2007 pelo MPF.

O esquema foi chamado de "valerioduto" porque teria sido viabilizado com a participação da agência SMP&B Comunicação e do empresário Marcos Valério, ambos também envolvidos no mensalão do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com a denúncia, a empresa seria a responsável por captar e repassar o dinheiro obtido com companhias estatais de Minas para a campanha eleitoral de Azeredo.

Apesar de ter sido chamado de "mensalão", pois os mecanismos utilizados foram parecidos com os do esquema ocorrido no governo Lula, no caso mineiro não houve compra de votos de parlamentares, segundo a denúncia do Ministério.

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CAIXA DOIS


O MPF entendeu que a operação de 1998 foi destinada exclusivamente para formação de caixa dois – dinheiro não declarado para financiamento de campanhas eleitorais.

"O termo mensalão pode ser utilizado na questão nacional. Na estadual, teria ocorrido desvio de dinheiro público, mas, não, pagamento para favorecimento em votações a favor de quem quer que fosse", explicou o advogado criminalista Marco Meirelles. Segundo ele, "são os mesmos operadores, mas o condão é diferente".

No "valerioduto mineiro", o total desviado teria chegado a "pelo menos" R$ 3,5 milhões, de acordo com o procurador geral da República em 2007, Antônio Fernando Barros e Silva, e teria o envolvimento de 15 pessoas, entre elas, o atual senador Clésio Andrade (PMDB) e o ex-ministro Walfrido Mares Guia (PSB).

No mensalão do PT, os recursos desviados somaram R$ 153 milhões, segundo o ex-presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto, e envolveram 38 réus. Dentre eles, o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, já condenados a penas de prisão.

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MESMA ORIGEM


O relator do "valerioduto mineiro" e também do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, cita em seu relatório sobre o esquema nacional o caso mineiro.

"Os réus do núcleo político ou central teriam optado por utilizar mecanismos criminosos oferecidos pelos réus dos núcleos publicitário e financeiro, os quais, segundo o procurador geral da República, já vinham sendo praticados no Estado de Minas Gerais, especialmente a partir do governo do atual deputado federal Eduardo Azeredo, do PSDB, cuja a conduta está em análise na AP 536″, afirmou o ministro no relatório.

Para o advogado Marco Meirelles, o "valerioduto tucano" tem muitas semelhanças com o mensalão que está em julgamento no Supremo. "O ‘modus operandi’ foi todo organizado no mensalão mineiro. A origem dos dois é em Minas Gerais", afirma o advogado.

26 de novembro de 2012
 Larissa Arantes, O Tempo
 

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