O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), disse nesta segunda-feira não ver motivos para que a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Novoa Noronha, fale na Câmara e no Senado sobre o esquema desmontado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. A ordem entre os governistas é evitar a aprovação de requerimentos da oposição que convidam a servidora a depor --indiciada pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento numa organização criminosa que fraudava pareceres.
A estratégia dos aliados do governo será aprovar convite aos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luís Inácio Adams (Advocacia Geral da União) para falar da operação. A manobra tem como objetivo tirar a servidora da Presidência do foco, deixando para os ministros a responsabilidade pelas explicações do caso. "Eu acredito que os ministros queiram vir ao Senado. Vamos poder ouvir o governo. Mas eu, sinceramente, não sei porque a Rosemary poderia ser incluída a vir aqui. Eu sinceramente não vejo [motivo]. Ela é uma secretária, chefe de gabinete, de um gabinete que não é usado", disse Braga.
Logo depois de falar que o gabinete é pouco utilizado, o líder disse que sua manutenção é importante porque "São Paulo é a capital financeira da América Latina" e ministros como Guido Mantega (Fazenda) "usam o espaço com frequência". "Dizer que não é necessário manter o escritório? Não vamos exagerar."
Braga descartou a convocação de Adams e Cardozo, como deseja a oposição, porque "quem quer vir não precisa ser convocado". O convite, ao contrário da convocação, não obriga os ministros a comparecerem ao Senado. O regimento da Casa também não permite a convocação de servidores de segundo e terceiro escalão do governo, mesmo que estejam envolvidos nas denúncias.
O líder disse concordar com a aprovação de pedidos para os irmãos Paulo e Rubens Vieira, indicados por ela para cargos no governo, prestarem depoimentos. O primeiro é diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) e o segundo da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) - e foram indiciados.
Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) protocolaram hoje requerimento com o convite para Cardozo falar à Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Taques disse que o fato da principal servidora do escritório da Presidência em SP estar envolvida no esquema mostra que houve uma "feira de negociatas" conduzidas no local. "Não cabe que, na Presidência da República, o seu escritório em São Paulo se torne um lugar de cambalaxo, maracutaia, quem sabe até na calada da noite. Nós do Senado precisamos saber o que ali, efetivamente, ocorreu", afirmou ao defender a presença do ministro na Casa. (Folha Poder)
26 de novembro de 2012
in coroneLeaks
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