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Marco Polo del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), prestou depoimento à Polícia Federal na madrugada desta segunda-feira, em São Paulo.
O dirigente teve documentos e computadores apreendidos em sua casa. Del Nero, o cartola mais poderoso do país na atualidade – é considerado nome certo para disputar a presidência da CBF na próxima eleição na entidade, às vésperas da Copa do Mundo de 2014 -, não revelou o motivo da operação de busca em sua residência.
Ele disse apenas que o assunto não envolve sua atuação no futebol. Em nota divulgada pela FPF, o cartola diz que foi “surpreendido em uma operação da Polícia Federal” e afirma que os agentes estavam “em busca de documentos não relacionados à sua atividade na entidade e de seu escritório de advocacia”.
O depoimento de Del Nero seria ligado à Operação Durkheim, lançada pela PF para desarticular duas organizações criminosas – uma que vendia informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional.
De acordo com a PF, 87 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Pará, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Trinta e três pessoas foram presas. A PF informa ainda que entre as vítimas de um dos grupos criminosos há “políticos, desembargadores, uma emissora de televisão e um banco”. Em seu escritório de advocacia, Del Nero tem como sócio o deputado petista Vicente Cândido, que foi relator da Lei Geral da Copa.
O dirigente participaria nesta segunda-feira do seminário Soccerex, no Rio de Janeiro. Ao chegar para o evento, Marin evitou comentar o episódio envolvendo seu vice – que não apareceu no início do evento, mas chegou a dizer que viajaria ao Rio mesmo depois da operação da PF.
”Conhecido advogado criminalista, Marco Polo Del Nero prestou depoimento regulamentar na Polícia Federal sendo liberado em seguida. O teor do depoimento segue em sigilo de justiça”, afirma a nota da FPF.
Na semana passada, Del Nero e o presidente da CBF, José Maria Marin, anunciaram a demissão de Mano Menezes do comando da seleção brasileira.
A decisão foi atribuída em grande parte a Del Nero, que indicou Marin à vice-presidência da CBF e, assim, possibilitou sua chegada à presidência da entidade (ele assumiu no lugar de Ricardo Teixeira por ser o vice de mais idade dentro da CBF).
Em entrevista ao portal UOL, Marco Polo del Nero se disse “absolutamente tranquilo” e afirmou que a ação da PF “não atrapalha em nada neste momento” de transição no comando da seleção brasileira. “A polícia chegou em casa, pediu documentos, eu dei.
Depois prestei depoimento por cerca de 20 minutos. Como advogado, a gente não se assusta com essas coisas.”
Marco Polo del Nero é presidente da FPF desde 2003. Em 2007, ele assumiu um lugar no Comitê Executivo da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Neste ano, com a saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF, passou a acumular mais um cargo, agora no Comitê Executivo da Fifa.
Ligado ao Palmeiras (seu pai foi jogador do clube) e advogado especialista em Direito Penal, Marco Polo del Nero tem 71 anos e é considerado o homem forte do futebol brasileiro desde a queda de Teixeira – tudo por causa da relação muito próxima com Marin, que assumiu tanto a presidência da CBF como a chefia do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014.
Para muitos, Marin age de acordo com os desejos do amigo, por ter chegado ao comando das duas entidades em decorrência da intervenção de Del Nero.
A operação da PF acontece em um momento delicado para Del Nero – e não só por causa da demissão de Mano.
No sábado, São Paulo recebe o sorteio dos grupos da Copa das Confederações de 2013. Por causa disso, a cúpula da Fifa estará na cidade a partir da quarta-feira. D
el Nero seria o anfitrião de diversos compromissos importantes, como a reunião do comitê organizador do torneio e a visita às obras do Itaquerão, que será o palco da abertura da Copa de 2014.
26 de novembro de 2012
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