Em uma pesquisa publicada pelo jornal The
Guardian, 51% dos entrevistados se inclinaram pela segunda opção. Em 2001 era o
contrário: 68% se inclinavam por ficar. Agora que a intenção da opinião pública
parece estar mudando de direção a pergunta que fica é “ir para onde?”
A crise na eurozona desenterrou o sempre latente euroceticismo britânico expresso magnificamente por uma manchete do período pré-guerra: “Densa neblina. Europa está isolada”.
Os setores eurocéticos conservadores, que estão pressionando o primeiro ministro David Cameron para que convoque um referendo sobre o tema, tem agora o respaldo contundente dos números. A pesquisa mostra que cerca de 36% votariam “por abandonar definitivamente a União Europeia” e outros 15% se inclinariam “muito provavelmente” pela permanência.
Para satisfação dos eurocéticos, essas porcentagens refletem claramente uma tendência. Em outubro do ano passado, as porcentagens eram 49% a favor de deixar a UE e 40% a favor da permanência.
O tema europeu não divide só os conservadores: abre um abismo entre estes e seus parceiros na coalizão que governa o país, os liberal-democratas. Em uma entrevista publicada no The Guardian, o vice-primeiro ministro, o liberal-democrata Nick Clegg, lançou uma clara advertência aos conservadores.
“O que temos que fazer é nos concentrarmos na crise econômica, cooperar ativamente com a eurozona para apagar o incêndio e sair da atual emergência. Não podemos ficar à margem do que ocorre na Europa”, assinalou Clegg. O
s liberal-democratas são, tradicionalmente, os mais europeístas do arco político britânico e tem um pouco mais controladas as velhas manias imperiais que ainda confundem o raciocínio de seus sócios conservadores.
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POSIÇÃO
Nos próximos dias o primeiro ministro Cameron vai pronunciar um muito esperado discurso sobre a Europa que deverá definir a posição dos conservadores a respeito. O consenso entre os analistas é que o discurso, tema de fofoca política nos últimos dois meses, prometerá um referendo e a repatriação de certos poderes (em especial em temas financeiros e trabalhistas) se houver uma substancial mudança do Tratado de Lisboa que rege o funcionamento da UE para alavancar o euro.
Cameron está lutando não só contra seus eurocéticos, mas também com a crescente popularidade do partido antieuropeu UKIP que se converteu em um depositário de votos de protesto em eleições locais ou de renovação de cadeiras.
Na pesquisa do The Guardian, o UKIP manteve pelo segundo mês consecutivo um apoio de 7% do eleitorado, em sua imensa maioria roubados do Partido Conservador em virtude de seu pobre gerenciamento da situação econômica.
Esta drenagem de votos encorajou os eurocéticos conservadores que hoje querem reformular a relação com a Europa e aproximá-la daquela que é mantida pela Suíça, que se reserva o direito a participar do mercado comum, mas mantem uma relativa autonomia em relação a orçamento e regulações europeias.
Em resumo, os eurocéticos acreditam que o “should I stay or should I go” pode se converter em “I should stay and go” (“eu devo ficar e ir”).
Para quê? Para desregular mais o mercado de trabalho e o mercado financeiro e sonhar que ainda são um império que pode manter uma olímpica distância da Europa.
(Tradução: Katarina Peixoto / Transcrito do site Pátria Latina)
31 de dezembro de 2012
Marcelo Justo (Carta Maio)
A crise na eurozona desenterrou o sempre latente euroceticismo britânico expresso magnificamente por uma manchete do período pré-guerra: “Densa neblina. Europa está isolada”.
Os setores eurocéticos conservadores, que estão pressionando o primeiro ministro David Cameron para que convoque um referendo sobre o tema, tem agora o respaldo contundente dos números. A pesquisa mostra que cerca de 36% votariam “por abandonar definitivamente a União Europeia” e outros 15% se inclinariam “muito provavelmente” pela permanência.
Para satisfação dos eurocéticos, essas porcentagens refletem claramente uma tendência. Em outubro do ano passado, as porcentagens eram 49% a favor de deixar a UE e 40% a favor da permanência.
O tema europeu não divide só os conservadores: abre um abismo entre estes e seus parceiros na coalizão que governa o país, os liberal-democratas. Em uma entrevista publicada no The Guardian, o vice-primeiro ministro, o liberal-democrata Nick Clegg, lançou uma clara advertência aos conservadores.
“O que temos que fazer é nos concentrarmos na crise econômica, cooperar ativamente com a eurozona para apagar o incêndio e sair da atual emergência. Não podemos ficar à margem do que ocorre na Europa”, assinalou Clegg. O
s liberal-democratas são, tradicionalmente, os mais europeístas do arco político britânico e tem um pouco mais controladas as velhas manias imperiais que ainda confundem o raciocínio de seus sócios conservadores.
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POSIÇÃO
Nos próximos dias o primeiro ministro Cameron vai pronunciar um muito esperado discurso sobre a Europa que deverá definir a posição dos conservadores a respeito. O consenso entre os analistas é que o discurso, tema de fofoca política nos últimos dois meses, prometerá um referendo e a repatriação de certos poderes (em especial em temas financeiros e trabalhistas) se houver uma substancial mudança do Tratado de Lisboa que rege o funcionamento da UE para alavancar o euro.
Cameron está lutando não só contra seus eurocéticos, mas também com a crescente popularidade do partido antieuropeu UKIP que se converteu em um depositário de votos de protesto em eleições locais ou de renovação de cadeiras.
Na pesquisa do The Guardian, o UKIP manteve pelo segundo mês consecutivo um apoio de 7% do eleitorado, em sua imensa maioria roubados do Partido Conservador em virtude de seu pobre gerenciamento da situação econômica.
Esta drenagem de votos encorajou os eurocéticos conservadores que hoje querem reformular a relação com a Europa e aproximá-la daquela que é mantida pela Suíça, que se reserva o direito a participar do mercado comum, mas mantem uma relativa autonomia em relação a orçamento e regulações europeias.
Em resumo, os eurocéticos acreditam que o “should I stay or should I go” pode se converter em “I should stay and go” (“eu devo ficar e ir”).
Para quê? Para desregular mais o mercado de trabalho e o mercado financeiro e sonhar que ainda são um império que pode manter uma olímpica distância da Europa.
(Tradução: Katarina Peixoto / Transcrito do site Pátria Latina)
31 de dezembro de 2012
Marcelo Justo (Carta Maio)
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