Maluco beleza – O experiente jornalista Oscar Andrades, um dos baluartes da assessoria parlamentar em Brasília, atualmente se dedica ao seu blog, que trata principalmente das questões ligadas à Previdência Social e aos aposentados.
Seguindo sua sugestão, até porque é um equilibrado guru dos bastidores jornalísticos da política nacional, trataremos da declaração do ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, 72 anos, que sugeriu que os idosos deveriam ser autorizados a apressar a própria morte, como forma de minimizar a pressão sobre o Estado, responsável pelo pagamento das despesas médica dos japoneses.
“Deus o livre de ser forçado a viver quando se quer morrer. Eu acordaria me sentindo cada vez pior sabendo que [o tratamento] estaria sendo integralmente pago pelo governo”.
A verborragia insana de Aso foi disparada durante encontro do conselho nacional de reformas do seguro social. “O problema não será resolvido a não ser que eles [os idosos] possam se apressar e morrer”, insistiu o ministro.
Esse pensamento mórbido e antidemocrático de Taro Aso não merece, em tese, uma linha em qualquer noticiosa, mas seu pensamento canibal precisa ser freado, antes que a ideia se propague pelo mundo e alcance algumas republiquetas de araque que existem na América Latina, onde só os donos do poder conseguem tratamentos em caros e disputados hospitais públicos.
Aso, que disse que recusará esses “cuidados no fim da vida”, poderia aproveitar a própria sugestão e antecipar sua morte, sem qualquer tipo de autorização, pois arma de fogo serve também para esses temas.
O Japão enfrenta uma situação crucial na previdência social, pois um quarto da população local, que é de 128 milhões de pessoas, tem mais de 60 anos, contingente que chegará aos 40% nas próximas cinco décadas.
Taro Aso, que já deveria estar demitido, reconsiderou seu discurso horas depois e disse que suas palavras foram inapropriadas, mas que apenas externou sua preferência pessoal. Ora, se o Estado japonês sabe da cobrar impostos dos cidadãos, que serão aumentados nos próximos três anos para cobrir esse déficit previdenciário, que seja capaz de dar a devida contrapartida ao contribuinte. Para isso é que existe o tal do planejamento.
A Previdência Social em qualquer nação do planeta é uma pirâmide, em que a base é formada pelos contribuintes, enquanto o cimo é composto pelos beneficiários. Quando essa figura geométrica começa a mudar de forma ou de posição, o negócio é correr para encontrar uma solução.
Normalmente isso acontece por causa de um binômio inevitavelmente explosivo: envelhecimento da população e aumento do desemprego, o que acarreta queda na contribuição.
O Brasil vive uma situação semelhante, mas não tão grave porque o Estado não dá ao contribuinte a contrapartida que deveria e está explícita na Constituição Federal.
Se por ventura o ministro Taro Aso ficar desempregado nas próximas horas, até porque o Japão é um país sério, a governadora Roseana Sarney poderia contratá-lo como assessor especial para assuntos de saúde pública. Afinal, a excelência da saúde pública do Maranhão comporta com folga um cidadão com pensamento tão tacanho e criminoso. Não vingando a contratação, Roseana Sarney tem a receita que Aso procura.
Caso a demissão não ocorra, Aso poderia consultar o ex-presidente Lula, que tem absoluta convicção que o SUS é eficiente e barato.
23 de janeiro de 2013
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