"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 11 de maio de 2013

DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA CRESCE 60% DESDE A CRISE FINANCEIRA DE 2008

 
Desde a crise financeira de 2008, que provocou uma parada súbita nas linhas de crédito internacionais, a dívida externa brasileira aumentou 60%, impulsionada pelo endividamento das empresas.
 
A dívida das instituições financeiras no exterior praticamente dobrou entre dezembro de 2008 e este ano. No mesmo período, as empresas não financeiras aumentaram sua exposição em moeda estrangeira em 72%.
 
Com isso, o endividamento externo do país subiu do equivalente a 12% do PIB (Produto Interno Bruto) para 13,9% neste ano, após quatro anos de relativa estabilidade.
 
O levantamento foi feito pela equipe do banco Credit Suisse, que atribui parte desse aumento à fixação de barreiras à entrada de capital externo, iniciada em 2010.
 
 
Para tentar refrear o fluxo de recursos estrangeiros que entrava no país e valorizava o real em relação ao dólar, o governo impôs IOF de 6% na compra de títulos públicos por estrangeiros.
 
"Quando o governo decide impor IOF para operações com seus papéis, esses recursos deixam de entrar, mas as empresas percebem que há demanda por títulos brasileiros e vão para o mercado externo captar com taxas mais baixas", afirma o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira.
 
Diante de um cenário de abundância de recursos e juros mais baixos no exterior, as empresas aumentaram sua dívida lá fora.
 
A questão é que, simultaneamente, elas passaram a assumir riscos de prejuízo em caso de uma repentina desvalorização cambial.
 
Em 2008, a alta do dólar em decorrência da crise bancária nos EUA, levou Aracruz e Sadia a dificuldades. Ambas tinham operações com derivativos atrelados ao dólar e acabaram vendidas.
 
 Editoria de Arte/Folhapress 
Para Teixeira, não há risco no médio prazo: "De fato a dívida aumentou, mas, quando comparada com a de outros países, é baixíssima".
 
Além disso, observa o economista, o prazo é longo (em média, 6,5 anos) e o montante é pouco superior ao que o Brasil arrecada com exportações --a dívida externa equivale a 1,3 vezes o auferido com as exportações, segundo cálculos de Teixeira.
 
Para Daniela Prates, professora da Unicamp, contudo, o enfraquecimento recente das exportações são um fator de vulnerabilidade.
 
"A capacidade de gerar divisas [para honrar as dívidas] se dá por meio das exportações. E o cenário pós-crise ficou mais grave nesse ponto, porque a concorrência ficou mais acirrada", afirma.
 
"A composição da nossa pauta de exportações faz com que sejamos mais vulneráveis ao preço das commodities e à demanda da China. Isso traz preocupação quanto à solvência da dívida", diz ela.


11 de maio de 2013
MARIANA CARNEIRO - FOLHA DE SÃO PAULO

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