“Eu não vou defender a religião de A,B,ou C, porém só quero dizer que no Islã, eles não bebem, não usam drogas.”
Essa frase faz parte do comentário de uma pessoa que tentou
explicar o ataque às torres gêmeas através do misticismo do número 11. Maluquice
pura.
Mas é exatamente essa frase que eu queria comentar.
Uma coisa que chama atenção em quase todas as religiões,
ocidentais e orientais, é a prática do jejum. O islamismo, o catolicismo, o
judaísmo, o budismo, o hinduísmo, a umbanda e os nossos índios, todos pregam o
jejum como uma forma de purificação do corpo e da alma.
Vejam como é o jejum em algumas religiões:
Islamismo
O jejum é um dos cincos pilares da religião. Obrigatório
uma vez por ano, no nono mês do calendário islâmico, o Ramadã. Comida, líquido,
sexo e álcool são proibidos da alvorada ao pôr-do-sol, com alimentação moderada
à noite, acompanhada de orações. É considerado uma purificação física (dá um
descanso ao organismo), mental (abstinência de pensamentos considerados ruins) e
espiritual (o que inclui o sentimento e a ação de solidariedade aos carentes).
Existem ainda jejuns opcionais.
Catolicismo
A Igreja Católica sempre teve uma disciplina
penitencial, que inclui o jejum. Na época dos profetas, o jejum era uma forma de
arrependimento e de conversão. Hoje é de renúncia ao prazer que o alimento dá,
de homenagem a Deus e a Jesus e solidariedade aos que passam fome. É uma forma
de purificação e crescimento espiritual. É feito na Quarta-Feira de Cinzas e na
Sexta-Feira Santa (amanhã, 9/4). O fiel escolhe a forma de jejuar, mas a igreja
orienta a privação total ou a redução de uma das refeições principais.
Judaísmo
O principal jejum realizado é o Iom Kipur, dia do perdão
(abstenção de líquido, alimento, sexo e cigarro), do amanhecer ao pôr-do-sol. O
Iom Kipur é um dia de total transparência, em que a pessoa vai avaliar sua vida,
o seu desempenho no ano que terminou. O jejum é feito também em outras quatro
ocasiões.
Budismo
O jejum já existia na Índia pré-budista, integrava a
prática de mortificação, para alcançar a purificação corporal e espiritual. A
prática ainda é conservada, até mesmo em escolas do Japão.
Também na umbanda e no candomblé, antes do recebimento
dos orixás, o jejum é usado como regra de purificação. "Uma forma de se
"limpar", de se distanciar do profano, do que é impuro e de se aproximar do
sagrado", explica a antropóloga Fatima Tavares, do Departamento de Ciência da
Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.
No Brasil, praticamente todos os povos indígenas seguem
algum tipo de abstenção alimentar em momentos críticos. Durante a gravidez, o
casal segue restrições alimentares; quando a criança nasce, a mãe faz um jejum,
que é presente também em certos momentos da adolescência, no processo de
formação do pajé ou em benefício do parente próximo que está doente -para eles,
os corpos estão em comunicação; se o filho ingerir um alimento proibido para o
pai doente, a saúde do progenitor será prejudicada. As razões do jejum? Físicas
(terapêuticas) e metafísicas.
E o que acontece com quem se submete ao jejum?
Dentro desse quadro, o rabino Nilton Bonder chega até a
dizer que “com as forças enfraquecidas, você tem uma visão mais humilde de si
mesmo; o ego forte tem dificuldade de aceitar suas fraquezas”, mas o
problema é que não ocorre nem um nem outro.
A maioria que defende a prática,
exalta o estado de alerta e a sensação de bem-estar provocados, mas a explicação
médica é bem diferente e está na liberação de neurotransmissores, como
endorfinas, e hormônios, como noradrenalina e adrenalina, que entram em ação em
situações especiais, causando uma falsa sensação até de excesso de energia.
Quando esse estoque acaba, vêm as sensações de fraqueza, moleza e apatia e a
dificuldade de concentração. Um período de jejum de mais de quatro horas, pode
causar lentidão dos movimentos, raciocínio confuso, perda de memória, suores
frios, dores musculares e de cabeça, tontura e até mesmo desmaios. Esses
sintomas, na maioria das vezes, são resultados da hipoglicemia. Alguém já teve o
desprazer de ver alguém com uma crise hipoglicêmica? Uma overdose de heroína
perde.
A simples observação das alterações psicofísicas causadas
aos homens pela fome, desde os primórdios, é mais que suficiente para que os
picaretas, que surgem aos milhares para cada religião criada, determinem que a
prática do jejum seja uma simbologia litúrgica a ser respeitada por todos.
Querem coisa melhor para ser dominada que um homem com as forças enfraquecidas,
tendo uma visão mais humilde de si mesmo, como disse Bonder? Imaginem como ficam
os islâmicos depois de um mês (Ramadã) comendo e bebendo moderadamente, apenas
durante as noites.
Esses delírios de Sidarta, Maomé, Moisés e tantos outros
“mensageiros” dos deuses que criaram ou colaboraram com tantas religiões não
podem nem devem ser levados em conta por quem tem, pelo menos, um pingo de bom
senso. Foram todos obras de mentes alucinadas pelos efeitos das provações que se
forçavam ou eram forçados a passar.
Não há nem sequer vestígios de alguma razão
em nenhum dos textos “sagrados” elaborados por eles. Quem tiver uma certa dose
de ceticismo, capacidade de abstração, a certeza de poder esquecer por alguns
momentos todos os dogmas com que fomos educados e a paciência de ler, vai
verificar o quão despropositados são todos eles.
Cabe aqui um comentário. Como, em priscas eras, religião,
política e governo eram uma coisa só e a comida era escassa, não dava para
todos, o jejum era compulsório e foi “mistificado” justamente pelos líderes
político-religiosos apenas para impor uma certa ordem, para racionar e
racionalizar o consumo de alimentos, já que a fome era - e é até hoje - sinônimo
de caos e morte.
Portanto, eu arrisco dizer que os muçulmanos se drogam
sim!, através do jejum a que são obrigados, o mais prolongado que se tem notícia
entre todas as religiões conhecidas.
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