"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 27 de setembro de 2011

ANULEM O PRÊMIO A HOLLMAN MORRIS, CÚMPLICE DOS TERRORISTAS DAS FARC

Artigos - Terrorismo

Carta aberta ao Prêmio Internacional de Direitos do Homem de Nüremberg, Alemanha

Estimados senhores jurados,

Sua cidade, estigmatizada durante tantos anos na memória dos povos por seu apoio ao Terceiro Reich, acaba de coroar, com seu Prêmio Internacional dos Direitos do Homem, um cúmplice de outro fascismo, o das FARC da Colômbia: Hollman Morris.

Em nossa condição de jornalistas especializados no estudo do país andino, pedimos-lhes que, a partir da evidência que lhes proporcionamos aqui, tenham a gentileza de anular indefinidamente o prêmio que acabam de conceder a um agente de uma organização classificada como terrorista pela União Européia, por suas inumeráveis atrocidades e por seus numerosos seqüestros de civis.

Sob o rótulo de jornalista defensor dos direitos do homem, este colombiano demonstrou sua baixeza ao dar apoio encoberto às FARC, como o demonstram os seguintes fatos:

Hollman Morris se atreveu, com microfone e câmera na mão, a arrancar confissões sob ameaças a quatro reféns das FARC (três policiais e um soldado) antes de sua libertação em 1º de fevereiro de 2009. Nenhum meio de informação foi autorizado a ir ao local dessa libertação, sob pena de pôr fim ao acordo entre o Governo e os terroristas. Entretanto, Hollman Morris foi enviado em segredo a esse lugar por seus amigos da guerrilha.

Sob a ameaça de serem executados ou não ser libertados se não falassem bem de seus captores, os quatro reféns foram obrigados a recitar em frente a Morris o texto exigido pelos terroristas. O indigno agraciado registrou essa tragédia sem dizer uma palavra. Quando esse ato infame foi descoberto, graças à valentia dos quatro ex-reféns quando voltaram à liberdade, Morris disse que havia tomado essas declarações sem a intenção de dá-las a conhecer. Ele mentia. Hollman Morris ofereceu esse vídeo à cadeia de televisão Al Jazeera por três mil dólares. Este canal rechaçou a oferta, como o revelou a revista colombiana Semana.

Juntamos uma cópia de cartas que os quatro reféns libertados enviaram em 3 de fevereiro de 2009. Uma foi enviada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Washington. Nela, dizem:

“... as declarações que demos ao mencionado jornalista (Hollman Moris) estando seqüestrados, não foram obtidas com nosso livre consentimento, pelo contrário, foram produto de ameaças de morte e de continuar no cativeiro, fato claramente conhecido e aproveitado por ele, razão pela qual consideramos que é nosso direito solicitar que não sejam divulgadas publicamente sem nossa autorização”. A outra carta, enviada a Antoine Schwarz, presidente da Radio France International, diz: “Fomos obrigados por nossos captores a oferecer uma entrevista a um repórter pertencente à Radio França Internacional” (...) “nos ameaçaram de não nos devolver a liberdade e inclusive em nos assassinar, se não respondêssemos às perguntas dos jornalistas na forma em que eles queriam”.

Seu indigno laureado nunca desmentiu tais provas, nem respondeu nossas perguntas sobre este tema que é um insulto para a nossa profissão. “Tua cumplicidade comprovada com a barbárie me repugna, se manténs tal silêncio. Tu usurpas o papel do jornalista quando o confundes com o de porta-voz de uma causa terrorista”, lhe escreveu um de nós, no dia seguinte desse escândalo, sem resposta de sua parte.

Frente a esta negação da verdade, nós alertamos então à ONU e à OEA sobre o caso Hollman Morris, sem resultado, lamentavelmente. Isso permitiu a esse indivíduo, que tinha até o ano passado proibição de entrar nos Estados Unidos, beneficiar-se há alguns meses com uma bolsa da Universidade de Havard, antes do vosso voto em seu favor!

Uma investigação realizada em 2009 pelo semanário colombiano Cambio, confirmou a cumplicidade de seu indigno agraciado com os terroristas, como o mostra o intercâmbio de correios eletrônicos entre Hollman Morris e Raúl Reyes, o número 2 das FARC, abatido em 2008 pelo Exército colombiano, encontrados nos computadores apreendidos de Reyes, cujo conteúdo foi validado pela Interpol.

A estreita relação entre este pseudo-jornalista e os terroristas é evidente. Morris dá o tratamento amistoso de “velho” ao comandante das FARC, Rodrigo Granda, em um correio eletrônico. Morris converteu-se em intermediário dos terroristas segundo os correios eletrônicos de Reyes. Este o creditou, em 21 de abril de 2004, para promover uma reunião entre ele e o embaixador da França na Colômbia, Daniel Parfait.

Em um correio eletrônico à guerrilha, Morris anuncia que se propõe realizar “um documentário que seria transmitido pelas principais cadeias da Europa com boa publicidade. Tenho contatos que me garantem. Lembra que nos momentos de crise foi suficiente um bom filme ou uma boa foto ou um bom documentário para levar a frágil opinião pública a exigir os acordos” com as FARC, para a permuta de reféns com o excarceramento dos rebeldes. Hollman Morris abandonou assim seu papel de testemunha para se converter em conselheiro da guerrilha!

Por último, porém não menos importante, Hollman Morris foi acusado publicamente por Fernando Londoño, ex-ministro do Interior e de Justiça da Colômbia, de haver “comprado testemunhas na região de Urabá (norte da Colômbia) para acusar os militares de ser os responsáveis pelo desaparecimento de uma pessoa, a qual resultou estar viva”. Seu indigno agraciado nunca respondeu ante os tribunais e a justiça colombiana se fez de surda. Incluímos o link que permite ver o documentário falso e as revelações do falso homem “desaparecido”.

Reiteramos respeitosamente, em nome da verdade, nossa petição de que seu corpo de jurados revogue a atribuição desse prêmio a alguém que não é digno de levar o nome de defensor dos direitos do homem, por ser cúmplice dos que violam esses direitos na Colômbia.

Se os senhores desejam verificar e inclusive investigar o que Hollman Morris fez, e as acusações que existem contra ele na Colômbia, nós os convidamos a revisar a documentação que pomos à sua disposição mediante os seguintes links:

http://www.youtube.com/watch?v=mJt23AxVoZM&feature=email

http://www.gees.org/articulos/el_caso_morris_la_etica_periodistica_vuela_en_pedazos_6230

http://www.jacquesthomet.com/category/hollman-morris/

http://www.noticias24.com/actualidad/noticia/23971/ex-rehenes-colombianos-de-farc-piden-a-rfi-no-divulgar-entrevista/

http://www.elpais.com.co/elpais/colombia/noticias/niegan-visa-norteamericana-hollman-morris

http://www.elpais.com.co/elpais/colombia/uribe-rendira-version-libre-ante-comision-acusacion-por-chuzadas

Escrito por Eduardo Mackenzie & Jacques Thomet, 27 Setembro 2011

Eduardo Mackenzie
Jornalista - Paris, autor de Las FARC, fracaso de un terrorismo (Edições Random House-Mondadori, Bogotá, 2007).

Jacques Thomet
Jornalista - Paris. Ex-redator-chefe da Agência France-Presse. Ex-diretor da AFP em Bogotá.

Tradução: Graça Salgueiro

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