"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O FIM ESTÁ PRÓXIMO

Eu me pergunto se vamos ter que passar sérias necessidades para que o povo acorde.

O brasileiro fez-se independente sem uma gota de sangue e sem passar fome; fez-se republicano em um ato que teve como única vítima um sargento que foi ferido por um tiro na bunda; passou 15 anos sob a ditadura de um calhorda sem dar um pio; passou outros 20 anos sob o comando de militares que mataram menos gente do que os cocos – as vítimas mortas pelas quedas de cocos nas suas cabeças são 100 por ano; nunca tivemos furacões ou terremotos significantes e muito menos temos vulcões ou tsunamis.

A ausência de eventos graves nos transformou em um povo bovino, ao mesmo tempo que a nossa cultura vagabunda não nos permite associar os bons exemplos do que a participação popular já conseguiu na história da humanidade, durante as guerras, a fome, as pestes e as intempéries da natureza.

Na verdade, vivemos aqui no Brasil um arremedo de democracia onde os lorpas e pascácios trocam seus votos por dez reis de mel coado, esmolas aviltantes que, a cada ano que passa, embotam ainda mais a consciência de cidadania, de participação – o bovino tem capim para comer e saco para coçar, então tá muito bom.

Eu não vejo futuro nenhum para o país a não ser que uma grande hecatombe nos atinja, para que possamos zerar tudo e recomeçar, e é claro que essa tragédia certamente não virá da natureza pura e sim da natureza dos homens –por assim dizer, porque são ratos – que hoje detêm o poder.

E digo mais: não estamos muito longe dela porque os nossos Executivo, Legislativo e Judiciário não passam de covis repletos de incompetentes que não servem nem para seguidores de Adhemar de Barros – o do “rouba mas faz” –, porque lhes falta até vontade, além de patriotismo, honestidade e decência.

Portanto, em não se fazendo nada, só roubando, é como diria o profeta: “o fim está próximo” – o problema vai ser o recomeço.

Por Ricardo Froes

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