A escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 foi o fim de uma espera que durou seis décadas. Quando, enfim, se fez justiça, Lula comemorou como obra de seu governo. Desde então, há mais motivos para bombas que para foguetes.
Numa semana a presidente Dilma Rousseff vai a reunião com a Fifa e sequer é recebida pelo dono dos porcos, Joseph Blatter, que escala para dialogar com ela um leitão suspeito de fazer muita pururuca, Jérôme Valcke. Logo surge na capa da revista o ministro do Esporte, Orlando Silva, como integrante de bando de garagem.
Antes, por pressão da FIFA e pressinha de seus vassalos no Palácio do Planalto, já haviam sido aprovados três vergonhas: o Estatuto do Torcedor e sua reforma, isenções tributárias indecorosas para a entidade e o Regime Diferenciado de Contratações.
Ao ser enviada para o Congresso a Lei Geral da Copa, um acinte em cada linha, comecei aqui e no Senado uma campanha de esclarecimentos.
Em diversos artigos, entrevistas, tweets e pronunciamentos, foram mostradas as falhas nos documentos legais e nas atitudes das autoridades, que ultrapassaram os limites da indecência.
O ministro articulador é acusado por colegas de partido de desviar verbas destinadas a crianças e o presidente do Comitê Organizador, Ricardo Teixeira, é investigado por remessa ilegal e lavagem de dinheiro.
Organizaram-se as escusas legislativas e, a seguir, puseram as pessoas erradas nos lugares certos. De nada adiantaria o RDC para o esquema se entre os chefes houvesse alguém honesto.
Portanto, o ciclo se completa: a versão comunista de Teixeira vai dispor dos bilhões como quiser, pois afrouxou-se o processo de licitações; com as obras atrasadas e as datas inadiáveis, começa o show.
Em meio a esses atentados à probidade surge a maldade travestida de axioma: o governo se diz incapaz de rasgar o Estatuto do Idoso, mas a Fifa é avessa a meia entrada, prevista nele, que manda investir na terceira idade e o governo não pode torrar em meia entrada recursos suficientes para erguer mil centros de convivência de idosos e ao mesmo tempo assinou contrato prometendo ser fiel à Fifa, ainda que tenha de contrariar o Brasil. Não entendeu? Bem-vindo ao clube.
Lembram do alerta de darem mais importância ao logotipo e ao jingle da Fifa que à Bandeira e ao Hino nacionais? Treinando para pedir a vereadores e deputados estaduais que desfaçam conquistas dos estudantes, já engrupiram a Câmara de Porto Alegre para extinguir a exigência de se cantar o Hino Nacional antes de competições.
É um péssimo precedente. Hoje faculta, amanhã proíbe. Agora é uma cidade, depois pode passar a todas as sedes. Para atender a interesses nada patrióticos ou desportivos, em estádios já se aceita o Hino pela metade ou até menos. Não cantá-lo de jeito nenhum só não é mais grave que roubar dinheiro da infância ou furtar direitos da velhice.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e Senador (DEM/GO)
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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