"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 16 de outubro de 2011

NO GOVERNO PETISTA, BNDES JÁ DISTRIBUIU U$ 5,3 BILHÕES NA AMÉRICA LATINA

Desde 2003, o Brasil já distribuiu na América Latina US$ 5,3 bilhões em financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção de hidrelétricas, estradas, portos e corredores de ônibus. De 1997 a 2008, esse montante chega a US$ 7,21 bilhões. A generosidade brasileira, no entanto, nem sempre é retribuída com agradecimentos ou gestos de boa vontade.

O recente episódio ocorrido na Bolívia, a suspensão da construção da estrada de Villa Tunari, também financiada pelo BNDES, é apenas mais um na longa lista de problemas locais que envolvem, de alguma forma, o Brasil - os atritos costumam crescer em períodos eleitorais.

Ainda assim, são poucos os governos da região que abrem mão dos recursos brasileiros na hora de financiar suas obras. Há cerca de dois meses, o ministro de Setores Estratégicos do Equador, Jorge Glass, veio ao Brasil pedir a participação do BNDES em obras de infraestrutura no valor de US$ 30 bilhões.

Foi o primeiro contato depois que a Câmara de Comércio Exterior aprovou a retomada de operações do Brasil com o país andino. Nos últimos três anos, o Equador ficou sem receber um tostão brasileiro, desde que seu presidente, Rafael Correa, decidiu ir à Corte Internacional de Comércio questionar, em 2008, o pagamento de um empréstimo de US$ 243 milhões para a construção da hidrelétrica de San Francisco.

O próprio Glass, na época assessor de Correa para assuntos da dívida externa, chegou a dizer que o contrato com o BNDES tinha “vícios de ilegalidade”. Apesar da natural condescendência brasileira com os vizinhos, a ação equatoriana, na visão do Itamaraty, passou dos limites.

Na recente crise boliviana, em que indígenas moradores da reserva Tipnis entraram em confronto com a polícia em protestos pela suspensão da estrada que cortaria suas terras, o governo brasileiro se manteve distante. Não havia ameaças ao Brasil, apesar das cobranças feitas por governo e oposição para que Brasília, de alguma forma, tomasse partido. A opção, porém, foi tratar o assunto como um tema interno da Bolívia.

Por Reinaldo Azevedo

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