"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 8 de julho de 2012

AS PROSTITUTAS DE PARIS E A REVOLU;'AO FRANCESA

MORTE AO REI!

Essa inesperada intimidade com uma centena de políticos serviu para confirmar em caráter definitivo as prostitutas na função da tropa de assalto da Revolução, e daí por diante não deixaram de estar presentes em nenhum choque entre povo e milícia. Já no mês de julho – isto nas proximidades do Hôtel du Roule, antigo reinado de Paris – deu-se um encontro de lendária obscenidade.

Era noite e um destacamento de cavalaria rondava lentamente pela cidade, quando uma companhia de prostitutas, algumas portando pistolas à cintura, embargou-lhe o caminho. Exigiram dos soldados que bradassem mort au roi (morte ao rei!). A tropa se recusou: depois disso, algumas das mulheres seguraram as rédeas dos cavalos, outras estreitaram-se aos soldados, arregaçaram as saias e gritaram: “Tudo isto lhes pertence se passarem para a Revolução”.

Os cavaleiros estacaram finalmente, embora ainda não emtissem o brado antes exigido. Foi a hora em que uma lourinha, contando no máximo 17 anos, iniciou em plena rua uma dança que, em suas memórias, nos é retratada por uma testemunha ocular da cena, J. B. Prérion:

“Pusera os seios para fora do corpete e os apoiara sobre as mãos espalmadas, enquanto saracoteava com a arte consumada de uma puta. No momento seguinte o resto do bando se precipitou sobre a loura, arrancou-lhe as saias e, expondo completamente à vista dos cavaleiros enrubescidos o corpo mais sedutor que se possa imaginar, gritaram: se quiserem abocanhar, gritem primeiro morte ao rei!”

Seria impossível relatar o que se seguiu. Resultou, no entanto, que o comandante do destacamento, arroxeado e próximo de um ataque cardíaco, fosse o primeiro a balbuciar mort au roi, depois do que a tropa inteira, com todas as armas, bandeou-se para a Revolução.

Apud História da Prostituição, Lujo Bassermann


08 de julho sw 2012
in janer cristaldo

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