"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 13 de novembro de 2011

LUPI TAMBÉM JÁ SABE POR QUE OS FARSANTES ACHAM QUE É SÁBADO O MAIS CRUEL DOS DIAS...

Há uma semana, VEJA provou que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ignora os limites impostos pelo Código Penal, por valores morais e por normas éticas. De lá para cá, pendurado no sexto andor da procissão dos corruptos do primeiro escalão a caminho do despejo, o farsante que controla o PDT cuidou de mostrar que ignora também os limites da sensatez, do decoro e do ridículo. A presidente Dilma Rousseff pode escolher as más companhias que quiser. Mas não tem o direito de manter um delinquente num emprego bancado por quem paga imposto.

Até agora, ela fez de conta que nem notou a imundície crescendo no quintal da própria casa. “Que crise?”, fingiu espantar-se a chefe de governo exposta às bravatas e, depois, à canastrice derramada de um personagem de bolerão. (“Que crise?”, repetiu José Dirceu na festinha de aniversário do companheiro bandido Agnelo Queiroz. Nenhuma coincidência). Para justificar a omissão da supergerente de araque, que tenta arrastar mais um cadáver insepulto até a “reforma ministerial” de janeiro, o caixa-preta Gilberto Carvalho vem insistindo na lengalenga: “Não existe nada que envolva pessoalmente o Lupi”.

Existe, souberam na manhã de sábado centenas de milhares de leitores de VEJA ─ e, em seguida, milhões de brasileiros confrontados com as revelações da reportagem que coloca em frangalhos a fantasia mambembe inventada às pressas. O álibi repleto de buracos e fissuras foi implodido. O passeio de avião com o comparsa que alegava nunca ter visto é o Fiat Elba do falastrão fora-da-lei. Está comprovado que Carlos Lupi se enfiou no pântano até o pescoço. Como os colegas de bandalheiras que o precederam no regresso à planície, outro ministro já descobriu por que, para quem tem culpa no cartório, é mesmo sábado o mais cruel dos dias.

augusto nunes

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