"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

COMO DIRIA O GENIAL CONAN DOYLE...

Na Petrobras, a nova presidente precisa parecer tão honesta como a mulher de César, mas não parece

A história é muito conhecida e teria surgido após um escândalo em Roma, por volta de 60 a.C., quando Júlio César era imperador e surgiram boatos de que sua mulher Pompéia tinha um nobre admirador, chamado Clódio.

Clódio é chamado aos tribunais. César, o suposto marido traído, também é convocado para dar explicações. Em seu depoimento, declara ignorar o que se dizia sobre sua mulher, a quem julgava inocente. Clódio é absolvido.

César, apesar de ter se mostrado confiante na integridade de sua esposa, passa a repudiá-la. Questionado posteriormente por ter agido de forma tão contraditória, o imperador explicou seu procedimento: “Não basta que a mulher de César seja honrada; é preciso que sequer haja suspeitas sobre ela”.

A empresa do marido de Maria das Graças Foster, diretora da Petrobras que está sendo alçada à presidência da megaempresa, multiplicou os contratos com a Petrobras a partir de 2007, ano em que a amiga de Dilma Rousseff ganhou cargo de direção na estatal.

Essa denúncia é antiga, foi divulgada em jornais e revistas, mas agora volta à tona com a próxima nomeação de Graça Foster.

O fato é que, nos últimos três anos, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, assinou 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal.

Entre 2005 e 2007, apenas um processo de compra (também sem licitação) havia sido feito com a empresa do marido de Graça, segundo a Petrobras.

A C.Foster, que já vendeu R$ 614 mil em equipamentos para a Petrobras, começou na década de 1980 com foco no setor de óleo e gás, área hoje sob a responsabilidade de Graça Foster.

A Petrobras, é claro, nega ter beneficiado a empresa do marido da diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster. Informa, por meio da assessoria, que a engenheira não assinou nenhum processo de compra nem participou da contratação da C.Foster.

Segundo a Petrobras, autoridades estão proibidas de contratar sem licitação empresas de parentes na área sob suas responsabilidades. Ora, se isso estivesse mesmo proibido, a C.Foster não continuaria sendo contratada sem licitação.

Elementar, como diria o genial Conan Doyle, fazendo igual ao grego Diógenes e saindo às ruas de dia, com uma lamparina acesa, para ver se encontrava algum homem honesto. Ou, quem sabe, a mulher de César.

Carlos Newton
24 de janeiro de 2012

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