A coisa está feia para a banda do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, que é uma espécie de representante do ex-presidente Lula no Palácio do Planalto. Senadores, deputados e pastores evangélicos decidiram não reconhecer mais o ministro Gilberto Carvalho como interlocutor do governo com o segmento.
O grupo pediu uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para avisá-la da decisão, mas o encontro ainda não foi agendado. Até então, uma das atribuições de Carvalho era justamente conversar com movimentos sindicais e segmentos religiosos.
O problema surgiu durante palestra no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em janeiro, quando o ministro disse que o Estado deve fazer uma disputa ideológica pela “nova classe média”, que estaria sob hegemonia de setores conservadores.
“Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel da hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais, que são a grande presença para esse público que está emergindo”, disse.
O senador Magno Malta, líder do PR, partido da base aliada do governo, subiu à tribuna e fez um discurso raivoso, chamando Carvalho de “mentiroso” e “cara-de-pau”, entre outras qualificações depreciativas. Porta-voz dos evangélicos e da Frente da Família no Congresso, Malta disse que encaminhará a Dilma uma nota de repúdio.
O Planalto imediatamente pediu desculpas aos evangélicos, mas não adiantou. Eles continuam em pé de guerra. E durante a reunião entre senadores, deputados e pastores, houve também manifestação de repúdio ao ativismo da nova ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que é favorável ao aborto, vejam só que complicação.
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MINISTRO PEDE DESCULPAS
O ministro Gilberto Carvalho, contrafeiro, teve de se reunir no Congresso com a Frente Parlamentar Evangélica ontem pela manhã para explicar declarações dadas no Fórum Social, mês passado,em Porto Alegre.
Depois, a Secretaria-Geral da Presidência divulgou nota dizendo que Carvalho não quis ofender o “mundo evangélico” nem propor combate ao segmento.
“O ministro Gilberto Carvalho reiterou que não desmereceu nem ofendeu o mundo evangélico nem propôs qualquer combate aos evangélicos. Mais ainda, o ministro comprometeu-se a divulgar esta nota, esclarecendo que, em seu pronunciamento, não fez nenhum ataque a pastores evangélicos que mantêm programas religiosos na televisão brasileira, não fez nenhuma referência ou proposta de criação de uma rede de comunicação voltada ao combate aos evangélicos – ideia que qualificou de absurda e ilegal -, e não fez nenhuma referência à questão do aborto”, diz a nota.
As desculpas foram aceitas, mas os parlamentares evangélicos não vão dar mais confiança a Gilberto Carvalho. O governo terá de arranjar um novo interlocutor com a poderosa bancada.
16 de fevereiro de 2012
Carlos Newton
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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