"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 15 de março de 2012

INDUSTRIALIZAR É PRECISO

Desde 1841, no seu excelente livro “Sistema Nacional de Economia Política”, o economista alemão que viveu muitos anos nos USA, Georg Friedrich List, nos mostrou as grandes vantagens da industrialização.

As forças produtivas da nação, sendo ativadas na indústria, criam dinamismo multiplicador na economia como um todo, decuplicam o valor das terras, atraem capitais e principalmente talentos, trazem imigração, desenvolvem um grande comércio, uma grande Marinha, um grande setor financeiro. Multiplicam enormemente o capital e dão autonomia à Nação.

A indústria é o setor que paga os maiores salários médios, gerando uma sociedade de classe média. Isso tudo, e muito mais, “valia um grande esforço de protecionismo” para ser implantado. Protecionismo tem custo, mas bem conduzido sai muito barato.

Os USA, a Alemanha, França e Japão entre outos, no Sec. XIX, pagaram o preço e colheram/colhem os abundantes benefícios. A Inglaterra foi a pioneira na “Revolução Industrial” portanto não precisou pagar esse preço, se industrializou primeiro que todos, e escondeu ” a sete chaves” o seu segredo, que é a alma do negócio: comprar de todo mundo, produtos agrários, algodão, lã, grãos, madeiras, minérios, etc, enfim commodities, e vender para o mundo todo, a bom preço, produtos industrializados, tudo financiado pelos seus bancos/seguradoras e transportados em seus navios.

Taxa de juros e taxa de câmbio favorecendo plenamente a estratégia. Balança comercial totalmente favorável nos “visíveis” e “invisíveis”, com o grande excedente reaplicado totalmente e capitalizado na expansão da industrialização. O famoso livro do pai dos economistas Adam Smith, de 1776, “Uma Investigação acerca da Natureza e das Causas da Riqueza das Nações”, mostra que “laissez faire, laissez aller” é válido exclusivamente para o pais mais industrializado da época, por acaso a velha Inglaterra. O livro é ótimo, mas tem que se saber isso aí.

O Brasil só encarou o problema da industrialização após a Revolução de 30, quando o grande presidente Getúlio Vargas implantou as bases para nossa industrialização. O presidente JK deu bom impulso, continuado pelos bons governos autoritários, quando chegamos em 1985 a 50% de produtos industriais em nossa pauta de exportações.

Hoje estamos no nível de 1965, com 20% de produtos industriais nas exportações. E com viés de baixa. Todo esforço é pouco para reverter esse quadro, sob pena de cairmos do 3º para o 4º mundo. País de 1º mundo é país que cuida muitíssimo bem de suas crianças. E de suas indústrias.

15 de março de 2012
Flavio José Bortolotto

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