Concordo que dinheiro, dinheiro real, nasce de trabalho de qualquer tipo. Já as riquezas, sobretudo as rápidas e as enormes, nascem quase sempre de picaretagens, como constatamos a cada passo, a cada notícia, a cada obra, a cada privatização, a cada empréstimo.
Por tratarem Dinheiro e Crédito como coisas iguais, muitos textos mais confundem que explicam. Estas duas coisas não são iguais, Dinheiro é uma, Crédito é outra, sobretudo o crédito virtual. E é um enorme erro confundi-las, falando de uma como se fosse da outra.
Exemplo de frase que confunde, é dizer que “bancos foram beneficiados com trilhões de dólares”, pois esta riqueza que caiu nas mãos ou telas de alguns privilegiados, é uma gigantesca pilantragem, não é dinheiro de trabalho. Sugere que houve algum repasse de dinheiro real, o que não ocorreu.
Esta riqueza, fraudulenta, foi injetada nos computadores bancários do planeta apenas para equilibrar a contabilidade geral, por meio de um banal “via teclado”: um pequeno digitar, um simples Enter e os computadores reais acusam a sua entrada na contabilidade geral. E tudo se equilibra, como se equilibrou, de fato. Mas não circulou um único centavo.
Também dificulta o entendimento geral dizer que estes trilhões vieram de “cofres públicos”. Passa a ideia de que esta grana já existia como dinheiro real, o que não é verdade, no caso, pois sabemos todos que, por baixo dos panos, sem uma palavra a respeito, estes trilhões de “nada” que equilibraram o sistema bancário real, carregam a sua contrapartida: os governos ficaram devedores, via títulos da dívida pública, de igual quantia, que será arrecadada ao longo dos anos, mediante cobrança e repasse de impostos das populações.
Mais correto seria dizer, ante o real endividamento público a ser quitado, que estes trilhões virão dos bolsos dos povos. O fato de equilibrar mais uma vez os bancos falidos perpetua o atual sistema financeiro de computadores injetores especiais, onde seus desconhecidos donos mandam, desmandam, controlam e orientam o que se pode fazer, quem, como, quando, onde e por quanto.
Triste verdade: nenhum governo “deu” este dinheiro aos bancos falidos, para equilibrá-los. Foi o protegidissimo, sigilosissimo e privado sistema financeiro central do planeta, controlado não sei por quem (só sei que não é governo eleito algum) que, mediante troca de títulos com os governos, deu-lhes “do nada”, e sem tê-los, trilhões que não existiam, mas precisavam existir e estes governos, endividando seus povos, repassaram estes trilhões a seus bancos falidos.
Em 2008, precisavam de 17 trilhões e foram recebidos, contra títulos, 17 trilhões. Fossem 117 trilhões os necessários, teriam recebido, contra títulos, 117 trilhões…
Pelo lado “de cá”, tudo ficou reequilibrado, uns creditados outros debitados, tudo checado, conferido, contabilizado, todo mundo respirando aliviado e aceitando a manobra-farsa. Mas… e pelo lado “de lá”, pelo lado dos empresta-dores? (créditos a quem de direito…) Alguém tinha este dinheiro de verdade, pronto para ser emprestado? Não, ninguém tinha. Este dinheiro existia, pelo menos? Não, apenas foi criado, sob medida, ou sob demanda.
Quem de nós controla alguma coisa do que faz este “sistema financeiro global”? Ninguém. Onde buscar estas informações “centrais”? Em lugar algum, sigilo sepulcral garantido.
Concluo, para questionamento dos colegas leitores, que o problema atual não me parece ser o dinheiro real. Não mesmo! O problema é o dinheiro virtual, que um determinado conjunto de computadores “centrais” injeta nos computadores reais dos governos, recebendo títulos em troca, no total que quiser, onde, quando e para quem quiser.
Chamando esta operação de “injetar dinheiro”, de “emprestar dinheiro”, de “dar crédito”, de “comprar títulos”, de “resolver a crise”, de “financiar” todos concordam e acatam. Mas é uma enorme, gigantesca, tiranossáurica MENTIRA, porque o lado “empresta-dor” não tem a grana que diz emprestar, só tem teclados (antes tinha impressoras).
Esta é a verdade: os empresta-dores NÃO TÊM DINHEIRO REAL PARA PODEREM EMPRESTAR. Ninguém questiona isto, tudo corre solto, não há controles, auditorias, aprovações etc., tudo que o seu governo faz é acatado pelos povos e fica por isto mesmo.
Quando houver auditorias decentes sobre a geração de dinheiros reais em qualquer governo de qualquer país, vamos todos nos surpreender com as malandragens que serão expostas. Qualquer paspalho, de qualquer País vai poder dizer, então, a seu povo, com toda veemência:
“Nunca, na história deste País, se controlou porcaria nenhuma do que é Dinheiro, do que deveria ser Dinheiro, muito menos do que chamamos Dinheiro, sobretudo Dinheiro Público. Este, então, porque é público, é de todos. Se é de todos, então, é de ninguém. E se é de ninguém, então, é meu!”.
Esta história de Dinheiro Virtual é bem por aí, bem no estilo “O Rei financeiro está nu!”. Ele está nu, sim, mas não apenas nu. Está nu, nuzinho, orgiasticamente peladão da silva… oooops, silva ?
12 de março de 2012
Luiz Cordioli
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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