"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 26 de abril de 2012

CULTO À MEMÓRIA


Estão querendo mudar o nome da Ponte Rio Niterói (Ponte Presidente Costa e Silva) para Herbert de Souza, o Betinho. Classifico isto com os baldes de cal que Juan e Evita Perón adquiriam para pintar velhas pontes e obras para que parecessem novas e depois colocarem uma placa “El Gobierno Justicialista Construye".



Dediquem o que quiserem a Betinho se acharem que ele merece, mas a mim parece que no máximo sua ação vale uma sala de leitura ou auditório.
Se quiserem rebatizar a ponte chamem-na de Ponte Coronel Mário David Andreazza, o ministro que a construiu e apesar do que se espalhava na época morreu como pensionista remediado e não como quaquilionário (quaquilionários são pessoas com fortunas imensas como as de Tio Patinhas, Bispos da Igreja Universal ou Filhos de Lula).

Creio que o nome em obras, monumentos e assemelhados deve nos lembrar de certas coisas. Por exemplo, ainda é tempo para mudar o nome da Refinaria Abreu e Lima. Seria bom chamá-la de Celso Daniel.

Celso Daniel está morto, foi um dos degraus sobre o qual o atual regime pisou na escalada do poder, a família de seu irmão está refugiada na França e as pessoas envolvidas com a tinta branca espalhada para camuflar o assunto ou estão a sete palmos de fundura ou estão refesteladas em palácios da república, ou ainda em suas bancas de advogado recebendo grossos emolumentos. Nada mais justo que seja lembrado.
Sou descendente de uma família que residiu no Sul da Alemanha e no Norte da França. Meu avô morava na Alemanha e meu tio-avô em Strassburgo, do outro lado do Rio Reno.

Em 1914 as placas de rua de Strassburgo que eram em francês foram retiradas e substituídas por placas em alemão. Em1918 as placas alemãs foram levadas ao porão da prefeitura e as placas em francês que lá estavam foram recolocadas nas ruas. Em 1940 as placas francesas voltaram ao porão e saíram as alemãs. Em 1945 vice-versa.

Com o advento da União Européia suponho que talvez tenha sido possível trocar por placas bilíngües, caso contrário, nalgum porão da prefeitura de Strassburgo ainda haverá um conjunto de placas em alemão.
Aqui se as placas forem trocadas um dia espero que sejam queimadas em uma fogueira em que se lancem também os algozes de Celso Daniel.

(*) Fotomontagem: Arthur da Costa e Silva e Celso Daniel.

Ralph J. Hofmann
26 de abril de 2012

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