Ontem, os blogueiros de aluguel e assemelhados — o JEG, que vive de dinheiro público, como se sabe à farta — atuaram como ordem unida. Todos eles anunciavam, cada um segundo o seu estilo: “O mensalão nunca existiu! Foi tudo uma conspiração”! Um sustenta a tese com aquele amontoado de orações coordenadas que revela uma estirpe de analfabetos. O outro, coitado!, para não variar, atropela o bom gosto e o bom senso nas subordinadas, expondo outro veio do analfabetismo. Um terceiro é boçal e analfabeto moral pura e simplesmente. Mas a tese era uma só! E, obviamente, não lhes faltam alguns leitores que vão lá buscar o que já sabem que vão encontrar.
A tropa de choque está furiosa. E parte dessa fúria foi dirigida contra mim. Compreendo os motivos. São todos ex-jornalistas. Cada um deles, num dado momento, foi banido da grande imprensa porque não soube distinguir o certo do errado, o lícito do ilícito, o virtuoso do criminoso. Deixaram de trabalhar para o veículo que represetavam e passaram a operar para a fonte, por motivos muito convincentes. Não é gente, lá vai a palavra de novo!, da estirpe de Policarpo Junior, sobre quem Carlinhos Cachoeira lamenta: “O Policarpo Nunca vai ser nosso! Ele é foda!” Não vai mesmo! Os que se aproveitam agora dos vazamentos das gravações para dizer que o mensalão nunca existiu “não são foda”, não! E sabem que “são de alguém”. Recorram à Internet, e vocês saberão a mão que balança o berço.
Eles estão bravos porque as gravações feitas pela Polícia Federal — como se isso fosse necessário … — evidenciam, ao contrário do que dizem, a honestidade de Policarpo, não o contrário. Adiante, que isso já é matéria vencida.
Eles querem enrolar. Eu desenrolo
Qual é a conexão, o liame, a ligação do caso Cachoeira com o mensalão? Quase nada! E explico o “quase”. Fica por conta de um único evento, importante, sim, mas irrelevante no que respeita à essência do maior escândalo de corrupção da República. Foi a VEJA que trouxe a reportagem sobre a cobrança de propina nos Correios, aquela em que Maurício Marinho, homem do PTB na empresa, aparecia recebendo propina de Carlinhos Cachoeira. Sim, reportagem de Policarpo Júnior! Que grande mal faz este rapaz à República… dos larápios, não?
A revista começou a chegar aos leitores no dia 14 de maio de 2005!!! No dia 6 de julho daquele ano, o então deputado Roberto Jefferson (RJ), chefão do PTB, botava a boca no trombone numa entrevista à Folha e expunha as entranhas do modo petista de governar. Estava descontente com o modo como José Dirceu conduzia o, como chamarei?, condomínio de partidos e entendeu que ele e seu partido estavam sendo fritados.
Só para registro: Jefferson, o que denunciou o mensalão — e parte substancial de sua denúncia se mostrou verdadeira —, não gosta da revista VEJA. Tanto é que também a critica em seu blog, o que não deixa de ser interessante. As duas personagens que polarizaram os embates em 2005, Jefferson e Dirceu, criticam a revista. Faz sentido. O primeiro porque a reportagem apontou o cancro nos Correios; o outro…, bem, o outro pelo conjunto da obra, não é? O evento mais recente que lhe diz respeito foi o estouro do bunker montado num hotel, em que ele “despachava” com autoridades da República, como se fosse, assim, um superministro sem pasta. O Zé detestar a VEJA, a exemplo de uma meia-dúzia, é dessas coisas, entendo, que têm de ser alardeadas: “VEJA, A REVISTA QUE O DIRCEU DETESTA. MAS LÊ!”. Ok. Eles que vão dizendo mentiras sobre a revista, que ela continuará a dizer verdades sobre eles — e os demais.
O que a desgraça em que caiu o senador Demóstenes Tores (DEM-GO) e as atividades ilegais de Carlinhos Cachoeira têm a ver com as lambanças de Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e Marcos Valério? Em que negam, relativizam ou põem sob nova perspectiva os empréstimos fraudulentos, a dinheirama sacada na boca do caixa, a mala de dinheiro repassada ao PTB (o próprio Jefferson o confessou) e ao então PL, o dinheiro depositado no exterior na conta de Duda Mendonça? Bem, vocês façam aí o elenco de memória da montanha de irregularidades cometidas. A resposta é esta: NADA!
Tentativa de desmoralizar o Judiciário e a imprensa
Que Cachoeira pague pelo que fez!
Que Demóstenes pague pelo que fez!
Mas o que tem a ver o que ambos fizeram com o que fez José Dirceu?
O que tem a ver o que ambos fizeram com o que fez José Genoino?
O que tem a ver o que ambos fizeram com o que fez Delúbio Soares?
RESPOSTA: NADA!!!
A turma, no entanto, está assanhada. O objetivo é jogar lama na imprensa e no Judiciário para reforçar a tese de que o mensalão foi uma invenção. O próprio Lula, diga-se, este monstro da moral, chegou a afirmar, ainda na Presidência, que iria querer investigar a sério este assunto, sugerindo que era tudo uma trama da oposição. Como se a dinheirama assumidamente ilegal que circulou no partido jamais tivesse existido.
José Dirceu é autor de uma frase estupefaciente sobre aqueles dias: “Estou cada vez mais convencido da minha inocência”. De tanto ler os seus amigos, ele ainda acaba acreditando…
01 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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