"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 10 de julho de 2012

MORRE CARDEAL DOM EUGÊNIO SALES, INTRÉPIDO PROTETOR DE TERRORISTAS

Leio no Terra que o papa Bento XVI lamentou a morte do "intrépido" cardeal brasileiro dom Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro e influente figura do episcopado brasileiro, que faleceu nesta segunda-feira, aos 91 anos. "Quero manifestar meus pêsames aos bispos, seus auxiliares, ao clero, às comunidades religiosas e aos fiéis da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que tiveram por três décadas um intrépido pastor", escreveu o papa em telegrama enviado ao arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta.

"Foi um autêntico testemunho do Evangelho em meio a seu povo. Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja pastor tão generoso", completa a nota do Sumo Pontífice. "Em 70 anos de sacerdócio e 58 no episcopado, sempre quis indicar o caminho da verdade na caridade e servir à comunidade, prestando particular atenção aos mais desfavorecidos, fiel a seu lema episcopal 'impendam et superimpendar'", recorda a nota, em uma referência à Carta de São Paulo aos Coríntios: "De mui boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós".

Dom Eugenio de Araújo Sales é aquele cardeal que tinha tratamento privilegiado por parte da bandidagem carioca. Em 2010, em entrevista para a Folha de São Paulo, contou que por mais de uma vez bandidos armados pararam seu carro quando subia para o Sumaré, no alto da floresta da Tijuca. “Quando viram que eu estava no carro, mandaram seguir. Depois disso, sempre passo com as luzes internas acessas. É sempre um susto. Eles conhecem o carro e procuram esconder armas. Entendo o sofrimento deles, mas isso não justifica seus atos”.

Coitadinhos dos bandidos! Como sofrem. Dom Eugenio é duro: “Bandidos têm que ser tratados como bandidos, não como cidadãos”. Mas, atenção: “Bandido tem direitos humanos. Não tem direito de ser bandido, mas não pode ser injustiçado”. Só não têm direitos humanos as vítimas da bandidagem. Ou alguém ouviu algum dia algum religioso falar dos direitos humanos das vítimas de assalto, seqüestro, estupro ou latrocínio? Eu nunca ouvi. Direitos humanos no Brasil é direito exclusivo de bandido.

Nos necrológios – ou hagiológios? – da imprensa, não tenho visto nenhuma menção aos feitos aos feitos que um dia fizeram a reputação do cardeal. Entre 76 e 82, alugou no Rio de Janeiro 80 apartamentos para abrigar apparatchiks de toda a América Latina, que chegaram a acolher grupos de 150, simultaneamente. O total de militantes hospedados naqueles anos chegou a cinco mil pessoas.

10 de julho de 2012
janer cristaldo

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