Amargas constatações
No pais onde a CUT e a UNE marcham pela impunidade dos mensaleiros e Lula samba com Maluf quem acha dinheiro dos outros e devolve tem de acabar mesmo morando na rua.
fernaslm
10 de julho de 2012
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Como dizia o outro, preferia perder o amigo a perder a piada, fazer humor com o gesto do casal de morador de rua, que apenas seguiu o reto caminho da honestidade e da humildade, devolvendo o dinheiro encontrado, produto de roubo, pelo que se viu no noticiário, não me dá o mínimo desejo de rir.
Num país onde campeia a bandalheira e o crime, realmente parece ridicula a honestidade, sobretudo quando praticada por pessoas extremamente necessitadas, carentes de toda a dignidade, habitantes do submundo da miséria e da desigualdade.
Confesso que me emocionei diante da atitude desse casal, ao assistir um pouco da história, de como acharam por bem devolver o dinheiro - uma verdadeira fortuna (quase R$ 20 mil), se considerada a condição em que vivem - , do orgulho de seus parentes distantes, moradores do interior do Maranhão, que por treze anos não tinham notícias ou sequer sabiam se Rejaniel de Jesus Silva Santos ainda estaria vivo.
Claro que há pessoas que pensam ser um "dever moral" devolver o dinheiro. Tratam o gesto de Rejaniel como se fosse uma obrigação, algo completamente desimportante, como se vivessemos no mais honesto dos mundos. Não conseguem enxergar algo de louvável em tal atitude.
Outras, talvez mais cegas, já qualificam a devolução do dinheiro como uma "imbecilidade".
E assim, cumprem o velho provérbio "cada cabeça, cada sentença", cegos, porém, ao que há de emblemático em tal ação...
Um trecho da notícia:
(...)
Um dos sócios do restaurante invadido, Miguel Kikuchi, de 42 anos, disse não ter acreditado, quando a polícia ligou e o informou de que o dinheiro havia sido encontrado e devolvido. “Pensei que era trote”, afirmou. “É inimaginável que alguém faria uma coisa dessas. Difícil de acreditar.”
O casal, que trabalha catando material reciclável nas ruas da capital e vive há mais de um ano na rua, aceitou na hora a proposta de emprego. “Vou ganhar treinamento para me capacitar e aprender alguma coisa”, disse Rejaniel de Jesus Silva Santos, de 36 anos.
“Da limpeza até a cozinha, posso trabalhar onde quiserem.”
O homem contou que era auxiliar de limpeza antes de ir morar na rua. “Eu perdi o emprego e tive que vender minha casa, na Divineia, região de São Mateus [Zona Leste].”
Depois de devolver o dinheiro, Santos e a mulher, Sandra Regina Domingues, também com 36 anos, foram levados até o restaurante japonês e fizeram uma refeição bem brasileira: bife, arroz, feijão e batata frita. “Uma vez na vida eu me lembrei que sou gente. Há tanto tempo eu não me sento para ter uma refeição tão boa.”
(...)
Pois é... Fico pensando aqui com os meus botões, quantos de nós, simples mortais, com a pança cheia, com todo o conforto que a vida pode oferecer desde higiene e alimentação, até a casa e seus artefatos eletrônicos, quantos de nós cumpriríamos o "dever moral" de devolver a 'grana'?
Quantos de nós, diante das imoralidades e escândalos que nos cercam diariamente, praticados pelas 'celebridades' do glamuroso mundo da política, cumpriríamos o nosso dever, e não justificaríamos uma improbidade com aquela velha ´'historinha', se todo mundo rouba, que obrigação tenho eu de não roubar?
Aplaudo Rejaniel de Jesus, que superando suas necessidades, ou impondo sobre elas os seus princípios - que enfaticamente credita aos ensinamentos de sua mãe - cumpriu humildemente o seu dever de cidadão, ainda que neste nosso país habitem Malufs e Lulas, e organizações que não merecem o nosso respeito e que lutam pela impunidade de mensaleiros.
Apenas isso é o que falta ao nosso Brasil: VIRTUDES REJANIELANAS ou as virtudes dos catadores de material reciclável...
m.americo
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