De tanto que a sociedade e a mídia no Brasil morderam a canela do Congresso, o Senado tomou na semana passada uma decisão importante, apesar de limitada. Os senadores – por 55 votos a 1 – aprovaram a emenda que acaba com o voto secreto em processos de cassação de parlamentares. O único voto contra foi do maranhense Lobão Filho (PMDB), excluído da Comissão de Ética e conterrâneo de José Sarney.
O voto do Senado a favor da transparência nos processos de cassação é simbólico. Não vale para o julgamento, no dia 11, de Demóstenes Torres, que caiu em desgraça com o escândalo do bicheiro lobista Cachoeira e hoje está sem partido. O voto aberto é um projeto que emenda a Constituição. Para vigorar, precisa ser aprovado também na Câmara, que está sem pressa nenhuma.
Há quem culpe a massa por votar errado. Mas o Congresso impede o eleitor de saber quem é a favor ou contra. “Medo do que ou de quem?”, pergunta Paulo Cesar Philot Barradas, do Rio de Janeiro, na seção de cartas do jornal O Globo. “Quero saber em quem votei, agora, na hora da verdade. Vote na honestidade. Faça diferente do político sem honra. Não esqueça que seu mandato é curto e que estamos de olho em você.” Paulo Cesar exige que o Congresso o ajude a votar com consciência, e não na santa ignorância. Como tantos de nós.
07 de julho de 2012
Ruth de Aquino, Época
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