Todo grande sistema de pensamento, seja ele político ou econômico, tem como meta o desejo de transformar a natureza humana. Esse tema é tão amplo que pode abarcar tanto a história das religiões, as teorias políticas e filosóficas, como a própria educação.
A ânsia do homem em “corrigir” os defeitos do próprio homem já produziu desde o Terror instalado com a Revolução Francesa através dos Jacobinos (foto) própria revolução russa na ex-União Soviética a partir de 1917 e em especial depois que Stalin assumiu o poder com a morte de Lênin.
Mesmo com as evidências do desastre de várias dessas tentativas, ainda assim a ânsia humana não se abate. Em um mergulho vertical, é possível asseverar que a história de todo preconceito deriva também dessa tentativa, em alguns casos ensandecidos, de tamponar as “falhas” da natureza humana corrigindo-as. Por sinal, é possível perceber que a história da pedagogia está envolta com essa discussão.
Na antiguidade, o precursor dessa idéia no sentido filosófico foi Platão em seu livro “A República” dando inicio a essa busca de criar uma sociedade modelo, ideal e perfeita, originando uma seqüência que terminou desaguando em Thomas Hobbes até atingir em cheio a mente poderosa de Karl Marx.
A questão central que se mostra por trás dessa tentativa de correção humana é a dificuldade que o ser humano tem de conviver e aceitar as diferenças humanas. Não é à toa o ditado popular que diz após uma discussão em que os combatentes passam as vias de fato: “vamos tirar nossas diferenças”.
Ou seja, o que sobressai dessa frase é que não pode haver espaço para dois tipos de pensamento, ou mesmo duas formas de compreender e estar no mundo. O que sobre é: um ou outro e não um e outro.
Desse choque nasce o que se chama de civilização. Trata-se de uma luta titânica, porque a sedução que pode aparecer e se erguer a partir e com a ideia de modelar a natureza humana ronda no ar permanentemente.
Em época de debate e disputa política como agora aqui entre nós, no Brasil, nunca é demais voltar a um tema que já produziu algumas das mais bárbaras e sangrentas páginas da história humana.
24 de setembro de 2012
Laurence Bittencourt
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