"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

QUANDO A SÁTIRA CONQUISTOU O ORIENTE MÉDIO


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Publicada entre 1906 e 1930, Molla Nasreddin era uma revista satírica editada pelo escritor Jalil Mammadguluzadeh (1866-1932).

Molla Nasreddin: importante publicação política do Oriente Médio (Reprodução/Internet)
Com linguagem intelectualizada formato que fala com as massas, revista foi sucesso e se tornou a publicação mais influente em todo o mundo muçulmano
  
Com um humor mordaz e ilustrações realistas, Molla Nasreddin atacou a hipocrisia do clero muçulmanos, as políticas coloniais das nações norte-americana e europeias com o resto do mundo e da corrupção da elite local, enquanto argumentava repetidamente pela necessidade da ocidentalização, reforma educacional e igualdade de direitos para as mulheres.
 
A publicação extremamente anti-clerical, em um país muçulmanos, no início do século XX, não foi feita sem risco para a equipe editoral. Membros da MN foram muitas vezes perseguidos, seus escritórios atacados, e em mais de uma ocasião, Mammadguluzadeh teve que fugir de manifestantes enfurecidos pelo conteúdo da revista.
Enquanto a revista ajudou a dar origem a uma cultura intelectual nova, o Irã provavelmente foi o que maior sentiu o impacto: a MN focava incansavelmente na ineficiência e na corrupção da dinastia Qajar e suas redações e ilustrações foram determinantes para a Revolução Constitucional Iraniana (1906-1910), que resultou na criação do primeiro Parlamento em toda a Ásia.
Durante as duas décadas e meia de publicação da Molla Nasreddin, o principal país de suas polêmicas caricaturas, o Azerbaijão, mudou de governo três ou quatro vezes.
Em 1920, os soviéticos invadiram Baku, a sede editorial e de direção de arte da revista, sendo obrigada a seguir a linha do partido bolchevique. Após isso, apenas três edições saíram em 1931 e, pouco depois fechou suas portas para sempre.
É difícil estimar a importância da Molla Nasreddin, que serviu de inspiração para panfletários similares no Irã e na Sévia. O jornal Irshad cunhou o termo "Nasreddinism Molla" para descrever a capacidade de dizer as coisas como elas são.
24 de setembro de 2012
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