Internacional - Oriente Médio
O que está em jogo não é a oposição entre um Islam ‘moderado’ e outro ‘fundamentalista’, mas entre dirigentes islâmicos pragmáticos, como Mubarak, Assad e Khadafi e o verdadeiro Islam jihadista por profissão de fé.
Na nota prévia sobre o livro Behind the Desert Storm de Pavel Stroilov, examinei alguns aspectos referentes à interpretação dada pelo autor a respeito da colonização ocidental no Oriente Médio vis a vis os interesses soviéticos na região. Demonstrei que o interesse da Rússia era anterior à existência da URSS, remonta a séculos em que o Império tentava encontrar, por qualquer meio, uma saída para os mares quentes.
Examinarei neste texto outra premissa do autor que considero refutável: a de que ‘todos os grandes conflitos na região foram causados pela expansão soviética’ e que o ‘islamismo nunca teria se tornado uma séria força global se não contasse com o apoio dos socialistas’.
1. A afirmação de que a divisão entre os árabes foi obra exclusiva da URSS demonstra total falta de conhecimento da divisão que já existia entre as tribos beduínas desde sempre, que se exacerbaram pela conquista por parte de pequenos potentados hostis entre si, como sauditas e hachemitas. Ignora também que durante a Primeira Guerra Mundial a Inglaterra fomentou estas divisões com vistas ao domínio do Golfo Pérsico.
A ação de agentes ocidentais anti-judaicos como T. E. Lawrence, Jack Philby (pai do mais famoso Kim) e Allen Dulles e suas peripécias para convencer Ibn Saud a derrubar a dinastia hachemita na Península Arábica deixou profundas marcas na região (cf. The Secret War against the Jews: how Western Espionage betrayed the Jewish people (1).
2. O autor não leva em consideração, ao se referir ao conflito israelo-palestino o fato de as fronteiras no Oriente Médio ‘são ilegítimas porque o imperialismo as desenhou com a finalidade de dividir a nação árabe’. Assim explica a existência de partidos socialistas Baath; exclusivamente porque a URSS não fez esforços para pacificá-los.
É óbvio que ambos os fatores são importantes, além das divisões inerentes ao próprio movimento socialista árabe confrontado com o crescente nacionalismo no qual Nasser foi provavelmente o fator mais importante.
3. O autor também não considera as forças árabes ligadas ao nazismo, como a união espúria entre Himmler e o Grão Mufti de Jerusalem, Al Husseini, ao explicar o conflito unicamente como ação direta da URSS.
4. Nesta breve sinopse é preciso mostrar que Stroilov baseia-se apenas na história mais recente – quase todos seus documentos são da era Gorbachev – e sequer cita o tradicional anti-judaísmo e anti-cristianismo do Islam que remonta ao próprio Mohammed. Desde seu tempo o Islam foi uma permanente ameaça aos que não aceitavam o Alcorão e os ensinamentos maometanos. A negativa dos judeus a se converteram ao Islam foi o verdadeiro estopim da Jihad, sendo esta uma obrigação para todos os verdadeiros crentes.
O constante encorajamento ao banho de sangue contra os infiéis é único na história das religiões. A Shari’a deve ser aplicada a toda a humanidade, portanto a idéia do Islam como uma religião ‘de paz’ não passa de engodo.
Não se trata de que os primeiros sejam menos inimigos do Estado de Israel e dos judeus como um povo; simplesmente conseguiram momentaneamente um modus vivendi sobretudo pela enorme superioridade militar israelense que os derrotou três vezes. Os dirigentes de Israel mantêm devidamente um olho em cada lado.
Escrito por Heitor De Paola
04 Outubro 2012
Nota:
(1) - Embora este livro de John Loftus e Mark Aarons não seja nada isento e precisa ser lido com cuidado.
Publicado no jornal Visão Judaica, de Curitiba.
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