"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

MARCOS VALÉRIO TENTOU BLINDAR DIRCEU E FORTALECER A TESE DO CAIXA 2, MAS AS PROVAS FALARAM MAIS ALTO

 

Na reta de chegada do julgamento do mensalão, é interessante analisar o voto do relator Joaquim Barbosa, que confirmou as declarações do procurador-geral da República Roberto Gurgel de que as provas contra José Dirceu são abundantes.


Dirceu, à frente do esquema

Em seu voto, Barbosa mostrou que o publicitário Marcos Valério, operador do esquema, frequentava o Palácio do Planalto e “teve várias reuniões” na Casa Civil com José Dirceu.

O relator explicou que inicialmente Valério tentou proteger e preservar Dirceu, negando ligação com o ex-ministro, para “tornar mais plausível” a tese de Caixa 2 eleitoral e dissimular a compra de apoio político no Congresso nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010).

Segundo o ministro Barbosa, as tentativas de negar envolvimento entre Dirceu e Valério chegam a ser inacreditáveis. “A defesa falta com a verdade. Até pelo histórico de Valério com Dirceu, a alegação da defesa já seria inverossímil”, frisou.

O relator sustentou que o então chefe da Casa Civil foi o mandante da compra de apoio político do governo petista e comandou a atuação do empresário Marcos Valério e do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, confirmando a denúncia do então procurador-geral Antonio Fernando de Souza, de que Dirceu era o chefe da quadrilha.

“É prova cabal [...] tanto que os dois operadores oficiais do chamado mensalão [Delúbio e Valério] participaram de reuniões mantidas por Dirceu na Casa Civil com dirigentes de instituições financeiras. Restou na defesa de Dirceu dizer que não houve menção a obtenção de recursos”, disse.
Como dizia Manuel Bandeira, agora só resta a Dirceu cantar um tango argentino.

04 de outubro de 2012
Carlos Newton

Nenhum comentário:

Postar um comentário