A vitória de Fernando Haddad em São Paulo salvou Luiz Inácio Lula da Silva de uma derrota retumbante. O mito do líder imbatível, que manda e a população obedece, não resiste ao exame das urnas.
O PT não apenas encolheu em regiões em que tivera muita força nas últimas eleições, como também viu sua participação nas maiores cidades do país diminuir bastante. Não dá para temer um monstro tão frágil.
Lula tem muito que comemorar com a vitória de Haddad. Afinal, ela serviu para obscurecer derrotas acachapantes sofridas pelo ex-presidente nesta eleição municipal. O caudilho petista lançou-se alucinadamente em campanhas Brasil afora, mas acumulou mais infortúnios que sucessos.
O ex-presidente subiu em palanques, participou de carreatas e fez comícios em 17 cidades no primeiro e no segundo turnos. Abertas as urnas, mais perdeu do que ganhou: foram oito vitórias e nove derrotas.
Entre seus fracassos mais fragorosos, em que o envolvimento de Lula foi direto, incisivo e pessoal, estão Belo Horizonte, Recife, Manaus, Salvador, Diadema, Campinas, Feira de Santana, Fortaleza, Cuiabá e Taubaté.
Quem tiver curiosidade, pode olhar a página do ex-presidente no (Facebook): as dezenas de fotos que registram os passos de Lula em campanha - desde sua estreia, em 31 de agosto, com Patrus Ananias na capital mineira - são uma coleção de insucessos. Vendo no conjunto, Lula está mais para Mick Jagger e seu reconhecido pé-frio do que para o mítico vitorioso ou o todo-poderoso ungido pelos deuses.
"Onde quem acerta é o adversário, Lula e PT enfrentam as mesmas adversidades que qualquer outro partido ou político quando o eleitorado resolve dar o próprio jeito", comenta Dora Kramer na edição de hoje (d'O Estado de S.Paulo.)
A perda da força de Lula e do PT é mais nítida nas regiões Norte e Nordeste, como mostra O Globo. Entre capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores nestas regiões, que perfazem 21 municípios, os petistas só se saíram vitoriosos em Rio Branco e João Pessoa. Com aliados, venceram apenas em Olinda (PE).
Em contrapartida, entre as 13 maiores cidades nordestinas, a oposição ao governo federal, por meio do PSDB e do DEM, administrará sete municípios, incluindo quatro capitais: Aracaju, Maceió, Salvador e Teresina, além de Jaboatão dos Guararapes (PE), Campina Grande (PB) e Feira de Santana (BA). Entre os oito grandes municípios da região Norte, o PSDB terá três capitais - Manaus, Belém e Teresina - e mais Ananindeua (PA).
Entre as 83 cidades de todo o país com mais de 200 mil eleitores, os petistas só estarão à frente de 16 prefeituras, sendo quatro capitais: São Paulo, Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. Neste grupo, a oposição (PSDB, PPS, DEM e PSOL) terá muito mais participação: cresceu de 10 em 2008 para 25 cidades agora, sendo oito capitais.
Os resultados de domingo também apontam uma "onda de mudança", na avaliação da (Folha de S.Paulo): entre as 85 maiores cidades, candidatos da situação foram derrotados em 50 - proporção exatamente inversa à de quatro anos atrás. Dos oito prefeitos de capitais que tentaram a reeleição, só metade venceu.
Pode estar no fator econômico a explicação para o mau desempenho das candidaturas governistas nos maiores centros. Seja pela queda no ritmo do PIB, seja pela diminuição acentuada nos repasses constitucionais para as prefeituras - só em setembro, foram 23% a menos, como mostra hoje o Valor Econômico. Isto é, são elementos que, muito provavelmente, também presidirão a disputa de daqui a dois anos.
É cada vez mais evidente que o eleitorado se fia nas condições objetivas de vida na hora de escolher seus candidatos. Não há divindade que lhe inspire o voto, mas sim a busca das satisfações mais imediatas.
Ao longo de suas três décadas de existência, o PT sempre baseou sua atuação eleitoral em cima de um mito. Mas, no último domingo, as urnas deixaram claro que a luz de Luiz Inácio Lula da Silva está se apagando.Fonte: Instituto Teotônio Vilela 31 de outubro de 2012
O PT não apenas encolheu em regiões em que tivera muita força nas últimas eleições, como também viu sua participação nas maiores cidades do país diminuir bastante. Não dá para temer um monstro tão frágil.
Lula tem muito que comemorar com a vitória de Haddad. Afinal, ela serviu para obscurecer derrotas acachapantes sofridas pelo ex-presidente nesta eleição municipal. O caudilho petista lançou-se alucinadamente em campanhas Brasil afora, mas acumulou mais infortúnios que sucessos.
O ex-presidente subiu em palanques, participou de carreatas e fez comícios em 17 cidades no primeiro e no segundo turnos. Abertas as urnas, mais perdeu do que ganhou: foram oito vitórias e nove derrotas.
Entre seus fracassos mais fragorosos, em que o envolvimento de Lula foi direto, incisivo e pessoal, estão Belo Horizonte, Recife, Manaus, Salvador, Diadema, Campinas, Feira de Santana, Fortaleza, Cuiabá e Taubaté.
Quem tiver curiosidade, pode olhar a página do ex-presidente no (Facebook): as dezenas de fotos que registram os passos de Lula em campanha - desde sua estreia, em 31 de agosto, com Patrus Ananias na capital mineira - são uma coleção de insucessos. Vendo no conjunto, Lula está mais para Mick Jagger e seu reconhecido pé-frio do que para o mítico vitorioso ou o todo-poderoso ungido pelos deuses.
"Onde quem acerta é o adversário, Lula e PT enfrentam as mesmas adversidades que qualquer outro partido ou político quando o eleitorado resolve dar o próprio jeito", comenta Dora Kramer na edição de hoje (d'O Estado de S.Paulo.)
A perda da força de Lula e do PT é mais nítida nas regiões Norte e Nordeste, como mostra O Globo. Entre capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores nestas regiões, que perfazem 21 municípios, os petistas só se saíram vitoriosos em Rio Branco e João Pessoa. Com aliados, venceram apenas em Olinda (PE).
Em contrapartida, entre as 13 maiores cidades nordestinas, a oposição ao governo federal, por meio do PSDB e do DEM, administrará sete municípios, incluindo quatro capitais: Aracaju, Maceió, Salvador e Teresina, além de Jaboatão dos Guararapes (PE), Campina Grande (PB) e Feira de Santana (BA). Entre os oito grandes municípios da região Norte, o PSDB terá três capitais - Manaus, Belém e Teresina - e mais Ananindeua (PA).
Entre as 83 cidades de todo o país com mais de 200 mil eleitores, os petistas só estarão à frente de 16 prefeituras, sendo quatro capitais: São Paulo, Rio Branco, João Pessoa e Goiânia. Neste grupo, a oposição (PSDB, PPS, DEM e PSOL) terá muito mais participação: cresceu de 10 em 2008 para 25 cidades agora, sendo oito capitais.
Os resultados de domingo também apontam uma "onda de mudança", na avaliação da (Folha de S.Paulo): entre as 85 maiores cidades, candidatos da situação foram derrotados em 50 - proporção exatamente inversa à de quatro anos atrás. Dos oito prefeitos de capitais que tentaram a reeleição, só metade venceu.
Pode estar no fator econômico a explicação para o mau desempenho das candidaturas governistas nos maiores centros. Seja pela queda no ritmo do PIB, seja pela diminuição acentuada nos repasses constitucionais para as prefeituras - só em setembro, foram 23% a menos, como mostra hoje o Valor Econômico. Isto é, são elementos que, muito provavelmente, também presidirão a disputa de daqui a dois anos.
É cada vez mais evidente que o eleitorado se fia nas condições objetivas de vida na hora de escolher seus candidatos. Não há divindade que lhe inspire o voto, mas sim a busca das satisfações mais imediatas.
Ao longo de suas três décadas de existência, o PT sempre baseou sua atuação eleitoral em cima de um mito. Mas, no último domingo, as urnas deixaram claro que a luz de Luiz Inácio Lula da Silva está se apagando.Fonte: Instituto Teotônio Vilela 31 de outubro de 2012
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