"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OBELISCO DE LUXOR (13 a,C,)

 

A Praça da Concórdia é a maior praça pública de Paris. Situada ao longo do Sena, quando foi inaugurada, em 1763, foi batizada de Praça Luís XV e em seu centro colocaram uma estátua equestre do rei.

Ela é a intersecção de dois eixos monumentais: a Via Triunfal, que numa linha reta vai de leste a oeste, saindo do antigo palácio real (hoje Museu do Louvre), passa sob o Arco do Triunfo do Carrossel, corta os jardins das Tulherias, sobe os Campos Elíseos até o Arco do Triunfo, que atravessa, e sempre em linha reta, vai até o Grande Arco da Fraternidade, no subúrbio de La Défense, obra recente, de 1989.

O outro eixo, menor, é formado pela linha que sai da Praça da Madalena, desce a rua Royale, corta a Via Triunfal e vai dar no Palácio Bourbon, a Assembléia Nacional da França, depois de cruzar o Sena sobre a Ponte da Concórdia.


Bem na intersecção desses dois eixos, está o Obelisco de Luxor, que reina na praça parisiense depois de muita História. Decorado com hieróglifos que relatam os reinados dos faraós Ramsés II e Ramsés III, o obelisco é um dos monolitos em granito rosa que marcavam a entrada do templo de Amon em Luxor (foto abaixo), uma das quatro cidades que formavam Tebas.


Quando o exército de Napoleão penetra no coração do Egito e chega a Luxor, aqueles homens se extasiam diante de tanta beleza. Por eles, teriam levado tudo para a França...

Mas foi só em 1829 que esse desejo foi realizado. O vice-rei do Egito ofereceu ao povo francês os Obeliscos de Luxor e começou então a saga de transportar um deles para Paris. O monolito pesa 230 toneladas, mede 22m83 de altura: na base criada para sustentá-lo está gravada toda a saga da viagem e chegada à França e detalhes da inauguração na Praça da Concórdia.



A instalação se deu em 25 de outubro de 1836, diante de mais de 200 mil espectadores e da família real. Um engenheiro da Marinha francesa comandou a operação de soerguimento e instalação do obelisco, o que levou três horas.

O Obelisco de Luxor ocupa o exato lugar onde, durante a Revolução Francesa, revolucionários em fúria instalaram a guilhotina após arrancarem a estátua de Luiz XV. Entre 1793 e 1795, mais de 1300 pessoas foram decapitadas naquele exato local, incluindo Luis XVI, Maria Antonieta, Danton e Robespierre.

Após esse período sangrento, a praça sofreu várias reformas e muitas mudanças de nome até se fixarem no nome definitivo, Praça da Concórdia, para simbolizar o fim de uma era tumultuada e a esperança de um futuro melhor.

O Obelisco é um belíssimo monumento, que sobrevive há 33 séculos, mas que sofre mais com a poluição causada pelo tráfego do que jamais sofreu.

François Mitterrand, num 'grande gesto' nos anos 90 do século 20, agradecido, disse aos egípcios que a França abria oficialmente mão do segundo obelisco, o que ainda está em Luxor...

Abaixo, detalhe de alguns hieróglifos e do topo do monumento.


Praça da Concórdia, Paris

31 de outubro de 2012
in ricardo noblat

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