"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

SEIS ANOS APÓS CONDENAÇÃO, SUZANE VON RICHTOFEN BUSCA LIBERDADE PROVISÓRIA

Jovem pegou 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais

Terra
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Condenada por ter planejado a morte dos pais há 10 anos, em São Paulo, Suzane von Richtofen tenta por meio de seus advogados a sua liberdade provisória. Condenada a 39 anos de prisão em 2006 - assim como os autores do crime, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos - ela aguarda pela realização de um novo exame criminológico que permita que possa voltar à ressocialização. Como o processo corre em segredo de Justiça, os promotores que acompanham o caso não podem entrar em detalhes. A defesa informou que não vai se pronunciar.
Na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, Suzane trabalha em uma oficina de costura. Prestes a completar 29 anos, tem o benefício de a cada três dias trabalhados descontar um na pena.

"Sei que há um pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas não posso entrar em detalhes por conta do segredo de Justiça. Pelo tempo que ela já cumpriu de prisão, já seria possível a sua saída. Mas no caso dela depende também de um exame criminológico, que avalia se ela tem condições de se ressocializar", diz o promotor Paulo Rogério Bastos, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté.
O benefício é concedido àqueles cumpriram um sexto da pena e têm bom comportamento. Somente depois da avaliação do exame é que se pode avaliar se o regime semiaberto pode ser aplicado. Em outra ocasião, o pedido já foi negado.

"Ela é campeã de pedidos, mas não obteve êxito, nem no Tribunal de Justiça aqui de São Paulo, nem no Superior Tribunal de Justiça (STJ)", diz o promotor Roberto Tardelli, que atuou no júri que a condenou a mais de 39 anos de prisão em julho de 2006.
Suzane e irmão disputam metade da herança dos pais
Mesmo depois de ter planejado a morte dos pais em outubro de 2002, Suzane disputa a metade da herança que caberia a ela com o irmão Andreas, 25 anos. Os bens da família estão avaliados em mais de R$ 11 milhões, entre dinheiro em contas bancárias e imóveis. Todos os bens estão bloqueados pela Justiça, inclusive a casa em que ocorreu o crime, que permaneceu fechada nos últimos 10 anos, e está avaliada em cerca de R$ 2 milhões.

Em fevereiro do ano passado, a Justiça decidiu que a jovem não tem direito aos bens por ter participado da morte dos pais. Como o dinheiro da família foi considerado a principal motivação do crime, foi decidido em primeira instância que ela é "indigna de receber a herança". Os advogados de Suzane recorreram e o caso segue em análise da Justiça.

Uma nova decisão deve sair nos próximos dois anos, mas ainda assim há possibilidades de novos recursos. O irmão de Suzane, Andreas von Richtofen é estudante de química na Universidade de São Paulo. Nestes dez anos, falou sobre o crime apenas no julgamento, onde foi ouvido como testemunha.

Na ocasião, disse que era muito apegado à irmã, mas, em um determinado momento, depois do crime, já não conseguia nem mais olhar para ela. "Ainda está difícil aceitar uma atitude dessas". "Se ela diz que tanto me ama, porque fez isso?", perguntou. Andreas conta que o tempo todo Suzane tentou atrapalhar o inventário dos bens dos pais e que ela mandou contar até os talheres da casa, para que nenhum objeto fosse retirado sem seu consentimento. "São recursos e mais recursos e o inventário não sai do lugar", disse ele, em juízo.
O crime
Suzane chegou em casa - no bairro do Campo Belo, zona sul da capital paulista -, por volta da 0h15 do dia 31 de outubro de 2002 acompanhada pelo namorado Daniel Cravinhos, na época com 21 anos, e pelo irmão dele, Cristian Cravinhos, então com 26. Segundo a investigação da polícia, ela subiu até o quarto dos pais e deu sinal verde para que os dois fossem ao piso superior do sobrado, onde os pais - Manfred e Marisia Richtofen dormiam.

A materialização do crime foi apresentada quatro anos depois, durante o julgamento dos reús, em fotos da perícia e do Instituto Médico Legal, que mostraram corpos desfigurados e o real tamanho da tragédia. O casal foi espancado com bastões até a morte. A mãe de Suzane ainda passou por um processo de estrangulamento.
Condenação
Após quase quatro anos do assassinato do casal, Suzane e os irmãos Cravinhos foram condenados por duplo homicídio triplamente qualificado. A soma total das penas dos três condenados chega a 115 anos de reclusão. Nenhum deles pode recorrer da sentença em liberdade.

Suzane foi condenada a 19 anos e seis meses pela mãe e 19 anos e seis meses pelo pai - um total de 39 anos de reclusão mais 6 meses de detenção e 10 dias de multa por fraude processual. Daniel, a 19 anos e seis meses pela morte de Manfred e 19 anos e seis meses pela morte de Marisia - total de 39 anos de reclusão e seis meses de detenção.

Cristian Cravinhos foi condenado a 18 anos e seis meses pela morte de Marísia e 18 anos e seis meses pela morte de Manfred - 38 anos de reclusão mais seis meses de detenção. Os dois irmãos também foram condenados a seis meses de detenção mais 10 dias de multa por fraude processual.

Os condenados ouviram a sentença de pé, em frente ao juiz. Cristian estava ao centro, Daniel à esquerda e Suzane à direita. O policiamento da sala de julgamento foi reforçado por cerca de 20 policiais militares.

O julgamento de Suzane e dos irmãos Cravinhos, realizado no Fórum da Barra Funda, durou cinco dias. No total, foram quase de 56 horas de julgamento, em julho de 2006.


31 de outubro de 2012
IstoÉ

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