Lula, o protetor das elites…
Viram o que o companheiro falou em Paris, quarta-feira, a um auditório repleto de empresários, por sinal aqueles que o hospedaram no Hotel Maurice, de 2 mil dólares a diária e sabe-se lá qual o pagamento por cada uma de suas “conferências”?
Disse que, ao candidatar-se à presidência, as elites tinham medo dele, tanto que perdeu três vezes para ganhar na quarta, mas quando deixou o poder, “jamais os empresários ganharam tanto dinheiro, cresceram tanto e geraram empregos como no meu governo”.
Atestou então ter sido eleito para enriquecer os ricos, mesmo pregando o contrário. Para fazer crescer as elites e, certamente, crescer com elas. Quanto à criação de empregos, pode ser verdade, mas apenas como conseqüência do objetivo principal, isto é, a satisfação dos interesses das minorias dominantes.
Numa palavra, o Lula confessou haver-se entregado à dominação dos fortes, aqueles que utilizam os costumes, a economia, a lei e o Direito para continuar dominando os fracos. A Humanidade caminha nessa trilha desde tempos imemoriais, mas de que maneira entender mais transformação daquele em que confiamos? Estávamos sendo enganados desde o primeiro momento?
Frustramo-nos com Jânio Quadros, depois com Fernando Henrique, mas parece demais assistir o Lula renegando a força que o impulsionou através da promessa de transformações fundamentais na sociedade. Dirão alguns inocentes e outro tanto de malandros que o ex-presidente minorou as agruras de milhões de miseráveis.
Pode até ser, através de esmolas como o Bolsa-Família, mas em momento algum esses programas assistenciais exprimiram aquilo que dele se esperava.
A propaganda fala em inclusão de camadas menos favorecidas nesse imenso e disforme pavilhão de feira chamado classe média, onde são cobertos todos os diferentes tipos de mercadorias. Só que não foi essa a proposta do torneiro-mecânico, pelo menos antes que escrevesse a famigerada “Carta aos Brasileiros”.
Um dia, o Lula exprimiu o anseio da supressão das diferenças entre as classes e raças espalhadas pelo país. Nada que significasse a revolução sangrenta, muito menos a insurreição armada dos famintos, mas, pelo menos, a inexorável marcha pela igualdade.
Por que cedeu, reconhecendo agora? Seria essa sua verdadeira estratégia? Seus desejos mais íntimos de menino pobre, de retirante e de operário humilde?
Esta semana, deixou cair a máscara que usou antes de chegar ao governo, revelando outra, quem sabe sua verdadeira identidade: jamais os ricos ganharam tanto dinheiro como durante o seu governo. Ele também? Se poucos ganham, muitos continuam perdendo.
A alma do companheiro, transmudada pelas tentações de uma ascensão social ilusória, leva-nos à conclusão de que deveremos começar tudo de novo. Um dia, todos conquistarão, sem esmolas, a igualdade inerente à natureza humana.
14 de dezembro de 2012
Carlos Chagas
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