A presidente estaria disposta a distribuir com redobrado rigor tarefas e missões específicas para seus ministros e altos auxiliares, passando a cobrá-los de modo ainda mais ríspido e intransigente do que nos últimos dois anos.
O objetivo a ela atribuído seria tornar a segunda metade de seu mandato mais profícua do que a primeira, mesmo às custas dos nervos já desequilibrados e da pouca tranqüilidade que resta em sua equipe.
Ignora-se quem espalhou essa maléfica versão, desconfiando-se de que tenha partido de algum gabinete na sede do Executivo ou de algum porão, nas instalações do PT. Porque gente existe, em número razoável, torcendo para que Dilma não venha a ter sucesso na trajetória capaz de levá-la à reeleição, em 2014.
São os companheiros frustrados na tentativa de estabelecer amplo condomínio do poder com o partido, agora empenhados na operação de convencer o Lula a voltar o mais rápido possível, porque no tempo dele possuíam espaços bem superiores aos atuais, até para iniciativas pouco claras.
As versões costumam suplantar os fatos, em política. A meta dessa quinta-coluna, agora, é caracterizar a presidente como disposta a exercer predicados de rispidez ainda superiores àqueles por ela apresentados até agora. Porque a presidente não tem sido brincadeira.
Ela grita, distribui críticas veementes e públicas, enquadra todos na frente de todos e até humilha quantos deveriam ser seus parceiros, mas por falhas variadas tornaram-se seus serviçais.
Se aumentar ainda o diapasão nesse relacionamento, logo a Esplanada dos Ministérios terá se transformado numa vasta senzala, e o palácio do Planalto, na Casa Grande.
É por aí que pretendem desgastar Dilma, que por temperamento já fornece argumentos de sobra para o Brasil estar deixando de ser aquela sociedade amena de outros tempos, transformando-se num caldeirão de intolerância.
Pode ser que ao contrário do que pretendem seus sabotadores, esses dias a beira-mar tenham arrefecido a ânsia presidencial de perfeição absoluta por parte do ministério. Afinal, um governo é uma equipe, não um batalhão onde o coronel manda e os soldados marcham.
MERO EXPEDIENTE ELEITORAL
Pode o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, ter acertado na mosca quando atribuiu a mero expediente eleitoral as declarações do futuro presidente da Câmara de que não cumprirá as determinações da mais alta corte nacional de justiça.
Porque Henrique Eduardo Alves precisa de todos os votos que puder amealhar para eleger-se sem contestações ou surpresas, em fevereiro. Fez média com a bancada do PT, a maior da casa.
Depois de instalado na presidência da Câmara, poderá analisar por outro ângulo o conflito hoje insolúvel. Só deputado pode cassar deputado?
Ou condenações penais implicam na perda de direitos políticos, entre eles o de exercer mandatos?
07 de janeiro de 2013
Carlos Chagas
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