"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O FIM DO ENLATADO AMERICANO

 

Não há como negar: a TV mudou. O que era considerado um primo pobre e mainstream da sétima arte ganhou força e hoje apresenta semanalmente uma revolução. São novos atores, roteiristas, tramas complexas e personagens únicos.
Desde a expansão dos canais americanos e a possibilidade de um orçamento mais acessível, a TV vem mostrando grandes obras, se arriscando e inovando, não só em termos de narrativa, mas de ações de marketing.
São conteúdos transmídia, Social TV, second screen, enfim, a plataforma apresenta atualmente um produto único e que reflete a multiplicidade do novo espectador.

A TV trouxe aos roteiristas a liberdade. Se antes eles eram instruídos a seguir regras e fórmulas já testadas e aprovadas pelos bambambãs de Hollywood, hoje existem inúmeras possibilidades e, acima de tudo, a presença do público segmentado.
Há uma versatilidade de tramas, personagens, arcos narrativos que são explorados aos poucos, sem a pressa e a fugacidade das bilheterias. Histórias profundas e complexas que vão sendo desmembradas a cada temporada de take em take.
Em sua plena Era de Ouro, a TV vem atraindo nomes já consagrados do cinema. Nomes como Martin Scorsese e Steven Spielberg, que deixaram suas produções milionárias para se dedicar a séries com custos menores, mas com tempo hábil para desenvolver longos diálogos e estabelecer uma relação de proximidade com o público, coisa que só acontece na TV.

Revolução assistida

A linguagem televisiva tem a pausa necessária para o espectador e o intérprete digerirem os acontecimentos.
Grandes performers, como Jessica Lange e Glenn Close, hoje nos presenteiam com interpretações brilhantes e personagens redondas com camadas profundas que casam perfeitamente com suas tramas.
E não é só de gênios já consagrados que vive a TV, afinal o que dizer de Lena Dunham? A jovem escritora acumula funções em Girls e inova ao retratar uma geração que se afoga em informações, tem a possibilidade de se conectar com o mundo, mas se sente sozinha a todo instante.

Hoje, a TV atinge sua maturidade e temos a sorte de poder desfrutar de tantas obras de qualidade. Porém, ainda é preciso conquistar o olhar sem preconceito dos estúdios e dos tão “selecionados” amantes do cinema para reconhecer que, agora, a TV está à frente. Vivemos uma revolução assistida!

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02 de janeiro de 2013
[Daiana Sigiliano é integrante do grupo de estudos e projetos EraTransmídia dos Inovadores ESPM e jornalista]

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