"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 1 de janeiro de 2013

PREVISÕES PARA 2013. SENADO SERÁ PRESIDIDO POR UM DOS PARLAMENTARES MAIS RICOS DO PAÍS, CUJA FORTUNA É INEXPLICÁVEL - RENAN CALHEIROS


O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) era presidente do Congresso Nacional, em 2007, quando a imprensa levantou que o parlamentar usou laranjas e pagou 1,3 milhão de reais em dinheiro vivo, parte em dólares, para virar sócio oculto de uma empresa de comunicação em Alagoas.

No mesmo ano, explodiu o escândalo Renagate, com a divulgação de que a jornalista da TV Globo Monica Veloso tinha uma filha com o parlamentar alagoana, que assumiu a paternidade da criança. Mônica passou a pleitear na Justiça um aumento de pensão para a filha.
No meio da confusão (o senador era casado há 28 anos com Verônica Calheiros), Mônica revelou à imprensa que o dinheiro da pensão lhe era entregue por Cláudio Gontijo, um lobista ligado à construtora Mendes Junior.

Promovida a celebridade, Mônica posou nua para a Playboy, lançou uma autobiografia aos 39 anos, ganhou as páginas das revistas de fulgaridades, não fala mais sobre o Renangate e há alguns meses passou a apresentar o programa Vrum, no SBT, sobre carros de luxo, do jeito que ela gosta.


Monica virou “celebridade”

Com um escândalo atrás do outro, ficou-se sabendo que Calheiros era dono de fazendas de gado, casa na praia, apartamento e carros de luxo, com patrimônio “declarado” de cerca de 10 milhões de reais. Descobriu-se também que o senador era também empresário do ramo das comunicações, dono de duas emissoras de rádio em Alagoas que valem cerca de 2,5 milhões de reais e tinha sido sócio de um jornal diário.


Nada como um dia atrás do outro…

POR BAIXO DO PANO

Reportagem de Alexandre Oltramari, na Veja, mostrava que pouca gente em Alagoas conhecia essas atividades do senador. E por uma razão elementar: os negócios de Renan eram clandestinos, irregulares, forjados de modo a manter o anonimato dos envolvidos.

“Para que isso fosse possível, a compra das emissoras de rádio e do jornal foi colocada em nome de laranjas, formalizada por meio de contratos de gaveta e paga com dinheiro vivo – às vezes em dólares, às vezes em reais.
Tudo feito à margem da lei, com recursos de origem desconhecida, a participação de funcionários do Senado e, principalmente, visando a garantir que a identidade do verdadeiro dono, o senador Renan Calheiros, ficasse encoberta”, revelou o jornalista.

A reportagem mostrava que Renan não costumava usar banco, cheques ou transferências eletrônicas. A exemplo do que fez no caso do pagamento da pensão de sua filha, quando pediu o apoio de um lobista de empreiteira, nos negócios de comunicação ele, de novo, utilizava como tesoureiro um intermediário com envelopes cheios de dinheiro.

Dessa vez, o pagador das mensalidades foi o assessor legislativo Everaldo França Ferro, funcionário de confiança do gabinete do senador. O assessor fez entregas em dinheiro vivo que totalizaram 700 mil reais. Às vezes, pagava em dólares.

###

FESTIVAL DE DENÚNCIAS

A imprensa devassou a vida financeira de Renan Calheiros, mostrando que tudo que ele fazia era irregular, por baixo do pano, até mesmo a compra e venda de gado e os negócios com um frigorífico eram mutretadas.

Houve uma sequência de denúncias sobre tráfico de influência, junto à empresa Schincariol, na compra de uma fábrica de bebidas, com recompensa milionária, sobre o uso de notas frias, em nome de empresas fantasmas, para comprovar seus rendimentos, sobre a montagem de um esquema de desvio de recursos públicos em ministérios comandados pelo PMDB, e sobre a montagem de um esquema de espionagem contra senadores da oposição ao governo Lula.

Ao todo, houve seis representações no Conselho de Ética do Senado, pedindo a cassação de Renan Calheiros, que teve de abandonar a presidência so Senado.

Renan Calheiros teve de sair da presidência do Senado, ficou meses submergido. Consciente de que “a memória nacional só dura 15 dias”, como dizia o general Golbery do Coutto e Silva quando a ditadura entrava em algum escândalo, o enriquecido parlamentar ficou na encolha.

Não foi investigado pela Receita, pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público. Continua livre, leve e solto. E vai presidir novamente o Senado, com apoio irrestrito do governo e da bancada do PT. Ah, Brasil…

01 de janeiro de 2013
Carlos Newton

Nenhum comentário:

Postar um comentário