Os espanhóis andam sem motivos para exercitar seu senso de humor desde que a crise econômica europeia produziu um desemprego de 25% e um tranco no desenvolvimento do país, que florescia embalado pelo renascimento de sua democracia, depois do negra noite franquista.
No embalo da crise, os espanhóis trocaram o Partido Socialista de José Luis Zapatero pelo conservador Partido Popular de Mariano Rajoy.
Além de não conseguirem nenhuma melhora econômica, levaram de troco uma denúncia de que o partido no poder vem sendo favorecido há 20 anos por doações suspeitas de empreiteiras.
Mais do que um tipo de “mensalón”, um clássico Caixa 2, tão ilegal lá quanto aqui, mas que, segundo ensinamento do ex-presidente Lula em famosa entrevista em Paris, nao é tão grave “porque todo mundo faz”.
Agora vejamos as diferenças entre as reações lá e aqui: na Espanha, ao que tudo indica, o governo poderá ter que convocar eleições antecipadas e a chance de o Partido Socialista Operário (PSOE) voltar ao poder, segundo indicam as pesquisas, cresce a cada dia.
Aqui, o Supremo Tribunal Federal já julgou os envolvidos e condenou vários deles à prisão, mas eles ainda estão em liberdade e assim ficarão até que se esgotem todos os leguleios jurídicos possíveis.
O que acontece? Os políticos julgados e condenados, principalmente aqueles filiados ao partido que comanda o governo, são reverenciados como heróis em festas e homenagens realizados em eventos destinados a mostrar o apreço que os companheiros têm por eles. Gente batuta.
O Congresso Nacional, onde alguns dos condenados exercem mandato, ameaça by-passar o Supremo Tribunal Federal e dar a última palavra sobre a cassação ou não de seus mandatos, ensaiando um passa-moleque na Constituição.
Criar uma crise e um conflito juridiscional entre poderes? Que nada. Pura bazófia política para, como se diz, “marcar posição”.
O Congresso cumprirá seus rituais regimentais para poder dizer que deu a última palavra, que não poderá ser diferente de “sim,senhor”.
E, ridículo dos ridículos, se nao fosse humilhante e vexatório: o embaixador da Venezuela participa de ato político contra a decisão do STF, apoiando os condenados.
Tolerado inexplicavelmente pelo governo e pelo Itamaraty, ao invés de ser advertido ou até expulso, ainda tem a insolência de soltar uma nota dizendo que participará de outros atos iguais a esse quando houver.
Os espanhóis não vêem nenhum motivo para orgulhar-se do seu “mensalão”, enquanto aqui dançamos a zarzuela.
08 de fevereiro de 2013
Sandro Vaia
IMPORTANTE - abaixo-assinado pedindo o impeachmentl de Renan Calheiros já. chega a quase 1.200.000 assinaturas. Ver ( e assinar) aqui:
ResponderExcluirhttp://www.avaaz.org/po/petition/Impeachment_do_Presidente_do_Senado_Renan_Calheiros/