Três titulares absolutos da comissão de frente do Bloco dos Bufões Bolivarianos começaram já nesta quarta-feira, na Venezuela, o aquecimento para o desfile em homenagem a Hugo Cháves. No primeiro ensaio, a argentina Cristina Kirchner combinou o vestido preto-angústia com a cara de Viúva-de-Tango. Ainda pouco à vontade no bando restrito a liberticidas sem cura, o uruguaio Jose Mujica já aprendeu que é proibido usar gravata. Logo aprenderá que também paletó é coisa de burguês. Sabe disso há muito tempo o boliviano Evo Morales, informa o blusão que virou uniforme de presidente e acaba de ganhar um novo adereço: apareceu na concentração em Caracas enfeitado pelo rosto de Che Guevara.
Os três capricham na pose de quem foi golpeado simultaneamente pela viuvez e pela orfandade. Canastrões de longo curso, mantêm estocadas nos cantos dos olhos lágrimas prontas para descer ao som de um clique. A dor simulada pelos veteranos é bem mais convincente que a esboçada por Nicolás Maduro, hasteado logo atrás com a fantasia de bandeira venezuelana. Há alguns anos, ele era motorista de ônibus. Nomeado vice-presidente por Hugo Chávez, agora pilota um país. Sabe que precisa ficar triste, mas a euforia não para de pedir passagem. É natural que a cara oscile entre o pranto e a gargalhada.
Caçula da turma, o bolívar-de-picadeiro tem muita coisa a aprender com os professores que estarão na avenida nesta sexta-feira. Figuram na comissão de frente, entre outros espantos, a dupla brasileira Lula e Dilma, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o cubano Raúl Castro, o nicaraguense Daniel Ortega, o equatoriano Rafael Correa, o paraguaio Fernando Lugo e o hondurenho Manuel Zelaya. Se soubessem o que significa a expressão, seria fascinante conferir a reação dos estadistas fora-da-lei ao berro popularizado por Nelson Rodrigues: “Olha o rapa!”.
Pena que o homenageado não esteja fora do caixão. O bolívar-de-hospício merecia puxar o desfile dos melhores amigos de Hugo Chávez.
07 de março de 2013
Augusto Nunes
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