O Brasil é um país cabeça-dura que só reforma suas instituições e leis quando chega ao limite. Como para mudar é preciso correr riscos, até lá, se pudermos procrastinar, o faremos com muito gosto. Tudo em nome do consenso e de permanecer na zona de conforto.
A verdade é que o Brasil sempre teve de ser empurrado pelos fatos para caminhar em direção à modernização de suas instituições. Caso não houvesse indignação e escândalos em proporções industriais, o nepotismo estaria vigendo nos poderes públicos. A Lei da Ficha Limpa jamais seria aprovada; tudo ficaria mais ou menos na mesma.
Nos anos 90, em nossa luta contra a inflação, a modernização veio de fora, com a imposição de padrões que resultaram nos fundamentos do Plano Real. Alguns deles – como políticas monetária e cambial realistas, bem como o superávit primário – são pérolas do famigerado Consenso de Washington.
O segundo vetor de reformas veio por um lado inesperado: do aumento de renda por meio do salário-mínimo e de programas assistenciais. Temia-se uma inflação que não veio na intensidade esperada. As medidas impulsionaram o mercado consumidor e abriram um mundo de oportunidades.
Agora teremos o terceiro vetor das reformas sendo movido por investimentos em infraestrutura. Duas consequências parecem claras. A primeira é a modernização de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. A outra será a modernização das relações entre governo e setor privado, já que – está mais do que evidente – sem regras claras e adequadas não haverá investimentos.
Ainda que façam road-shows em série, o que realmente atrai o investidor é uma mescla de retorno e estabilidade. Quanto menor a estabilidade no ambiente de negócios maior é a exigência de retorno do dinheiro investido por conta dos riscos. Porém, como as coisas nos trópicos andam em marcha lenta, os fatos se sucederão com impressionante e irritante lentidão.
O bom de tudo é que a consequência dos três vetores será um país economicamente mais forte, mais justo e mais eficiente. Só que levará o dobro do tempo! Como se o tempo não fosse o bem mais precioso...
07 de narço de 2013
Murillo Aragão
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