Internacional - América Latina
Podemos ver o resultado da política de Chávez na própria Venezuela. O país é uma sombra de si mesmo. A economia foi arruinada pelo socialismo, a liberdade de expressão foi atenuada e a corrupção avançou por todos os lados.
O presidente venezuelano Hugo Chávez morreu na última quinta-feira após perder uma batalha contra o câncer. Ele era um famoso e amado crítico do capitalismo. Mas ele não era um crítico qualquer. Nas palavras do próprio: “Eu sempre disse [...] que não seria estranho se tivesse havido uma civilização em Marte, e que talvez o capitalismo tenha chegado lá [...] e posto fim ao planeta”. Segundo esse alerta feito durante um discurso em março de 2011, devemos ser cuidadosos. “Aqui no planeta Terra, onde algumas centenas de anos atrás havia grandes florestas, agora só temos desertos”. Em outras palavras, a Terra está ficando como Marte e a culpa é do capitalismo de novo.
Evidentemente seria estranho se soubéssemos que Marte teve uma civilização. E tem de ser um tipo bem peculiar de pessoa para sugerir, sem qualquer tipo de evidência, que Marte foi convertido em um deserto inabitável por culpa do capitalismo. Mas aí está um fenômeno do nosso tempo.
Eis a confissão de um homem que era irracionalmente obsesso pelo anti-capitalismo. Falar de Marte e marcianos nesse contexto é uma daquelas digressões pelas quais podemos vislumbrar a intensidade do ódio de um homem por algo que ele provavelmente nunca entendeu.
Em 2009, durante um discurso na Conferência de Copenhague sobre as mudanças climáticas, Chávez explicou seu posicionamento:
“Há um grupo de países que se consideram superior a nós do sul, do terceiro mundo, nós dos países subdesenvolvidos [...] os países devastados, como se um trem tivesse passado por cima de nós na história”. Segundo Chávez, “poderia dizer [...] parafraseando Karl Marx, o grande Karl Marx, que um fantasma está assombrando as ruas de Copenhague, e penso que esse fantasma que rodeia silenciosamente esta sala e as demais [...] é o capitalismo”.
A filosofia de Chávez é compartilhada por milhões ao redor do mundo. “Os ricos estão destruindo o planeta”, ele disse. “Será que eles pensam que podem ir para outro quando destruírem este?”. Mas os capitalistas não imaginam tal coisa. Não há ameaça imediata ao planeta.
Há, porém, uma ameaça ao próprio capitalismo. Como o próprio Chávez afirmou, “O socialismo, o outro fantasma de que Karl Marx falou, que também está rodeando aqui, é na verdade um tipo de contra-fantasma. O socialismo [...] é o caminho para salvar o planeta [...] o capitalismo é a estrada para o inferno, para a destruição do mundo”. Alguns parágrafos depois Chávez ofereceu uma declaração de guerra ao capitalismo quando disse: “A História nos chama para nos unirmos e lutarmos. Se o capitalismo resiste, somos obrigados a nos dedicar a uma batalha contra o capitalismo para abrirmos o caminho para a salvação da espécie humana”.
É deveras lamentável que um homem adorado como se fosse um salvador, cuja morte foi sentida por milhões de pessoas, tenha sido tão desinformado. Décadas atrás, foi Friedrich Hayek que escreveu acerca da ignorância econômica dos intelectuais e políticos.
Eles não poderiam entender como o capitalismo floresceu “as multidões existentes de seres humanos...”
Segundo Hayek, os sentimentos de alguém como Chávez servem apenas para “frustrar o desenvolvimento da mais efetiva organização de produção e desencorajar as falsas esperanças do socialismo”. E, de fato, podemos ver o resultado da política de Chávez na própria Venezuela.
O país é uma sombra de si mesmo. A economia foi arruinada pelo socialismo, a liberdade de expressão foi atenuada e a corrupção avançou por todos os lados. Sim, uma corrupção muito mais insidiosa do que qualquer coisa produzida pelo capitalismo.
“A ignorância da função do comércio”, disse Hayek, “que levou inicialmente ao medo, e na Idade Média ao controle governamental sem qualquer informação, e que só numa época relativamente recente cedeu graça a uma melhor compreensão, revive agora sob urna nova forma pseudocientífica”.
Pode ser dito, de bom grado, que Chávez foi um representante dessa “forma”. Ele foi, portanto, um oponente da liberdade, um construtor de uma ditadura e um ignorante econômico. Mesmo porque, quando o Estado intervém no mercado a crise econômica resultante não é a culpa do capitalismo.
O capitalismo real é um desenvolvimento orgânico. É algo que o estado invariavelmente atrapalha. Aqueles que administram privadamente o dinheiro não são uma ameaça à sociedade. Segundo Hayek, “A história da administração governamental do dinheiro foi, com algumas pequenas exceções que duraram curtos períodos, uma história de fraudes incessantes e enganações.
A esse respeito, os governos se provaram muito mais imorais do que qualquer agência privada...” E isso é verdade mesmo se considerarmos a sorte dos pobres ou a gestão do ambiente. Chávez se via como um salvador. Na verdade, ele foi um destruidor de oportunidades.
E assim observamos a morte de Hugo Chávez. Ele foi um homem que trouxe desgraça para o seu país. Se tivesse vivido mais, ele teria visto o erro das suas escolhas. “O desdém do lucro”, disse Hayek, “deve-se à ignorância...” É uma coisa triste alguém morrer antes da sua hora, e mais triste ainda é morrer na ignorância.
13 de março de 2013
Jeffrey Nyquist
Publicado no Financial Sense.
Publicado no Financial Sense.
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