Já começaram a pipocar as comemorações aos 200 anos do nascimento de Richard Wagner, compositor clássico, teatrólogo, poeta. Só não era programador porque não manjava de CSS. 2013 será o “Wagner Jahr” por essas bandas.
Morar aqui na Saxônia me fez despertar a fã de Wagner que existia dentro de mim e eu não sabia. Ou: a partir do momento em que você fica sabendo que o baixinho Richard era o Don Juan da vila, a coisa começa a ficar interessante.
Ok, falando sério, cada esquina por onde esse homem, natural de Leipzig, pisou é motivo de placas e brasões que registrem o momento histórico “Wagner pisou aqui” em questão. Como eu moro em Dresden, é interessante comentar sobre esse recorte de tempo na vida de Wagner.
O compositor passou sua infância e parte da adolescência na capital da Saxônia, um lugar então borbulhando de cultura e modernidade. Dresden era uma das cidades europeias mais desenvolvidas economicamente.
A criativa cidade barroca era “o” lugar para se estar no século 17, e artistas de todas as partes do mundo passavam temporadas por lá porque era muito cool - como uma São Francisco de outrora.
Richard Wagner
Depois de morar em outras cidades, Wagner retorna a Dresden aos 29 anos, em 1842, e se posiciona criticamente contra a festança. Seu nacionalismo se mostra evidente. O momento histórico é tenso.
Aproxima-se de teóricos radicais, revolucionários, anarquistas. O então exilado russo Mikhail Bakunin vira seu companheiro de caminhadas e “parceiro de discussões”. Participa de barricadas e protestos em Dresden durante as revoluções de 1848 nos Estados alemães. Wagner luta pelas liberdades civis, pela liberdade de imprensa e é procurado pelas autoridades.
Wagner é político, coisa rara entre seus contemporâneos, como notou um jornalista e revolucionário alemão chamado Ludwig Pfau: “Todos os intelectuais e artistas alemães de hoje são reacionários. De Grimm, Dahlmann, Humboldt até Strauss e Vischer”, escreveu em 1850.
E aí? Aposto que esse lado de Richard Wagner você não conhecia. E 2013 só está começando.
13 de março de 2013
Tamine Maklouf é jornalista e ilustradora nas horas vagas. Mora na Alemanha desde agosto de 2009, onde se encontra na “ponte terrestre” Dresden-Berlim.
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