A atitude mais
vil que possa ser tomada por um ser humano é o desfruto da desgraça alheia. Um
exemplo emblemático dessa maldade vem do Nordeste brasileiro, com a chamada
“indústria da seca”, que é um termo utilizado para designar a estratégia de
alguns políticos que aproveitam a tragédia da seca nesta região para ganho
próprio.
Os “industriais
da seca” se utilizam da calamidade para conseguir mais verbas, incentivos
fiscais, concessões de crédito e perdão de dívidas e votos
eleitoreiros.
A Presidente
Dilma Rousseff, nesse dia 2/4 foi ao Ceará e teve a vilania de valer-se da pior
seca dos últimos 50 anos, em benefício de sua campanha eleitoral para a
reeleição. Durante a 17ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo da
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Fortaleza,
anunciando um pacote de R$ 9 bilhões com medidas para combater os efeitos da
seca no Nordeste, ela descaradamente afirmou:
“No que refere-se
à população, nós somos bem-sucedidos. Nós não vemos saque, não há nenhuma parte
da população que nós saibamos que está passando por fome e tenha de fazer um
conjunto de ações para preservar a sua própria sobrevivência(…) Conseguimos
impedir que as populações aqui enfrentassem todas as perversas conseqüências que
sempre vimos sendo retratadas na literatura, na prosa e no verso dos
sanfoneiros.”
No mesmo dia o
jornal O Povo (CE), publicava o artigo “Ceará suportaria uma seca até 2014?”,
onde a realidade vai contra a afirmativa presidencial: “O que tinha em casa para
o agricultor, a dona de casa e os 11 filhos beberem não chegava nem a três
litros de água. Vianês Rodrigues, 54, abriu a geladeira enferrujada. Dividiam o
espaço nas prateleiras duas garrafas com água pela metade e pedaços de pato
cortado. Somente. O garrafão de água havia sido comprado há menos de quatro dias
por R$ 2 e não deu pra quem quis. ‘Quando não tem dinheiro, o jeito é cozinhar
com a água que vem pelos canos. É água grossa’, lamenta o agricultor. Seu Vianês
colocou num copo a água. Era turva”.
Dilma Rousseff
também não disse palavra sobre a tão festejada Transposição do Rio São
Francisco, que de acordo com o governo federal, o projeto seria a solução para o
grave problema da seca no Nordeste, pois distribuiria água a 390 municípios dos
estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte – uma população de
12 milhões de nordestinos.
Ela, quando
ministra-chefe da Casa Civil de Lula, coordenava o PAC, que tinha na
transposição sua mais vistosa prioridade. Na campanha de 2010, a obra foi à
vitrine como um grande feito do presidente-operário e da
candidata-gestora.
Dezessete dias
antes de passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula realizou uma
viagem sentimental ao Nordeste. Vistoriou pela última vez as obras da
transposição do Rio São Francisco. “Estou percebendo que a obra vai ser
inaugurada definitivamente em 2012, a não ser que aconteça um dilúvio…” Mas não
houve o dilúvio, e passados mais de dois anos, ninguém sabe quando essas obras
serão concluídas.
Este é o retrato
fiel do governo sob comando do PT desde 2003, onde somente duas coisas funcionam
a pleno vapor: a incompetência e a corrupção.
Os
produtores rurais do município de Guarabira no Estado da Paraíba fizeram um
protesto em frente a agência do Banco do Nordeste contra a burocracia que é
exigida pelo banco para a liberação de crédito para que os produtores possam
comprar ração para alimentar o rebanho, levando carcaças de animais mortos
devido a seca.
A
dificuldade em conseguir crédito faz com que, a cada dia, o homem do campo veja
o seu patrimônio se acabando.
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Por Giulio Sanmartini
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