"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 10 de abril de 2013

E A ROSEMARY?


Antenados, riquinhos – uns nem tanto – e aqueles tipos que costumam frequentar lugares da moda apenas para serem vistos são, preferencialmente, os frequentadores da Churrascaria Rodeio, um dos ícones gastronômicos de São Paulo. A casa ocupa um dos espaços mais valorizados da capital paulista, esquina da Haddock Lobo com Oscar Freire.
Traçar uma picanha maturada, acompanhada de uma peça de palmito ao forno, não é para qualquer assalariado do serviço público. Os bem nascidos chegam em carros importados e acompanhados de suas dondocas, grifadas dos pés ao pescoço. Sapatos Christian Louboutin e bolsas Chanel e Louis Vuitton informam o que separa aquelas senhoras sacudidas das simples mortais.
 
O rastro do aroma que deixam na porta de entrada do restaurante remete a um Chanel número 5. Pois foi nesse templo do bem comer paulistano que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu comemorar o aniversário da madame, a matriz diga-se de passagem.
Dona Marisa Letícia, a bordo de um terninho amarelo suave, recauchutada pelo bisturi de um desses cirurgiões de coluna social, deliciava-se com a pompa do evento.

Ao lado, o marido, vestindo uma camisa guayabera branca presenteada pelos irmãos Castro. Lula, salvo melhor juízo, parecia não estar muito a vontade no papel de coadjuvante. Acostumado aos holofotes e tendo sempre à mão um microfone, o palanqueiro não era dos mais falantes.

No entorno do casal em festa, circulavam seletos convidados, uns vinte no máximo, escolhidos a dedo – põe dedo nisso – pela aniversariante. Puxa-sacos oficiais estavam presentes.

Desses, chamava a atenção dos convivas a euforia do prefeito Haddad e do ministro da Saúde Alexandre Padilha puxando o parabéns pelo natalício da ex-primeira-dama. O ministro da Fazenda se fez presente. Sorria às escâncaras, como se a inflação estivesse sob controle absoluto e a produção industrial bombando.
 
Provavelmente sem nada para tratar em Brasília, Dilma Rousseff dava ao encontro o tom eleitoreiro. Como disse a presidente, em tempo de eleição se faz o diabo, embora não tenha especificado bem o que seria “fazer o diabo”.
Mas falando em diabo, por que diabos a madame Rosemary Noronha, sempre assídua nas viagens presidenciais, não esteve presente à efeméride do casal da Silva? Afinal, gente fina não é outra coisa?

10 de abril de 2013
Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito

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