Escola é prédio.
Mas educacão não é prédio.
No entanto, prédio é a única coisa que o eleito para um mandato de quatro anos pode mudar na equação da educação pública.
No mundo real o que decide tudo é a qualidade do professor. E qualidade, todo mundo sabe, é função da competição.
Agora, meça por você mesmo. Você compete no seu trabalho, aprende e se renova todos os dias porque não tem alternativa; porque se não competir, perde o emprego.
Mas como todo funcionário público, o professor empregado do Estado é indemissível. Uma vez posto um pé dentro do sistema, ele se torna para sempre “estável”.
Bem feito ou mal feito o trabalho, o salário vem no fim do mês. O funcionário público avança nas promoções em função do simples transcorrer do tempo.
O responsável eleito pela educação pública está, portanto, proibido de lidar com a qualidade do ensino. Seja o que for que acontecer ele, seus antecessores e seus sucessores só poderão alterar a quantidade dos professores e, mesmo assim, só para mais.
Por isso nunca há salário que chegue.
Caímos, então, na contradição insanável de esperar que pessoas que jamais sentiram o que é viver sob pressão por desempenho formem profissionais capazes de disputar o campeonato mundial do desempenho que é cada minuto da vida de cada profissional no mundo real hoje em dia.
Agora, para ter e manter o luxo de manter-se “estável” num mundo cada vez mais insanavelmente instável, só mesmo às custas dos outros, coisa que só se consegue pelos artifícios da política, e da política no sentido mais pejorativo do termo.
Isto é, especializando-se na arte de manter-se a salvo, venha o que vier, sem ter necessariamente de fazer força, e cavando privilégios junto a quem tem o poder de outorgá-los em troca de concentrar todo o seu esforço em manter o poder de seus protetores de continuar a protegê-los.
É essa a lógica da ação corporativa.
Ha, como em toda a parte, as exceções. E dentro do ambiente viciado do funcionalismo, elas são especialmente heróicas. Mas a maior parte acaba por se corromper e por se transformar num profissional da ação corporativa. E estes, tudo que sabem ensinar é a fazer política corporativa e a falsificar os fatos para justificar o injustificável.
Por isso seus alunos entram na vida semi analfabetos mas com a cabeça cheia de slogans contra os que competem e sonhando em pular, um dia, para dentro do barco dos indemissíveis.
Enquanto houver dois Brasis – um, como o mundo real, regido pela permanente pressão por desempenho, outro regido pelas blandícias do tempo de serviço e das aposentadorias precoces – não haverá lugar para nós fora das sombras do mundo, por mais prédios que os encarregados eleitos pela educação pública construam, ainda que sejam prédios de fazer inveja a clube de lazer de rico.
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