"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 20 de abril de 2013

E VAMOS FESTEJAR OS 10 ANOS DE LULOPETISMO...

Brasil perde R$ 6 bilhões por ano na exportação de soja por caos logístico
 
Caos do campo ao porto. Estradas esburacadas, falta de armazéns e burocracia nos portos fazem o Brasil perder R$ 6 bi por ano na exportação de soja
 

Via-crúcis. As péssimas condições da BR 163/364, no anel viário de Cuiabá (MT), obrigam os caminhoneiros a gastar 3 horas para percorrer um trecho de apenas 20 km. Quando há acidentes, esse tempo sobe para 9 horas
Foto: Guito Moreto
Via-crúcis. As péssimas condições da BR 163/364, no anel viário de Cuiabá (MT), obrigam os caminhoneiros a gastar 3 horas para percorrer um trecho de apenas 20 km. Quando há acidentes, esse tempo sobe para 9 horas Guito Moreto

SINOP, LUCAS DO RIO VERDE (MT), CAMPO GRANDE (MS), OURINHOS (SP), PARANAGUÁ (PR) e RIO - O Brasil parece não gostar de exportar soja. As dificuldades de levar o grão do campo ao porto vão muito além da afamada fila de caminhões nos terminais portuários. Acidentes e mortes em estradas federais esburacadas, propina, falta de armazéns e burocracia nos portos deixam um prejuízo de R$ 6,6 bilhões por ano ao país, segundo especialistas.
 
Repórteres do GLOBO percorreram a principal rota da soja, de Lucas do Rio Verde (MT) a Paranaguá (PR), e constataram o caos logístico, como mostra a série de reportagens “Celeiro em xeque”. Na boleia de um caminhão com 37 toneladas do grão, os obstáculos, até os mais triviais, ganham uma proporção do tamanho da safra recorde de 82 milhões de toneladas, prevista para este ano.

Para levar um dos produtos que mais recursos traz ao país — o complexo da soja briga com o minério de ferro pela liderança nas exportações —, um exército de caminhoneiros vive a duras penas, com dificuldades até de atender a necessidades básicas, como dormir e tomar banho. A infraestrutura precária faz com que 15% do frete da soja sejam gastos com pneus e manutenção, muito acima da média mundial de 3%.

No fim das contas, ao vender uma saca de 60 kg de soja, o produtor recebe o equivalente a apenas 35 kg. O resto do dinheiro fica no caminho, pois o Brasil optou pela pior, mais cara e poluente via de transporte para longas distâncias: as rodovias. Pelas estradas seguem 82% da safra de soja, percentual muito acima dos EUA, onde os caminhões levam 25% da produção.

Carentes de armazéns, os produtores brasileiros liberam a safra ao mesmo tempo, entupindo as estradas e ficando à mercê das cotações do dia. Já o milho terá prejuízo estimado em R$ 1,4 bilhão com o caos logístico este ano, totalizando R$ 8 bilhões em perdas para o país quando somado à soja.

10 de abril de 2013
Henrique Gomes Batista, enviado especial e Danielle Nogueira - O Globo

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