Ao alcançar a marca dos R$ 28 bilhões, a Copa de 2014 já entrou para a história como a mais cara de todos os tempos.
A cifra recordista supera a soma dos gastos com a Copa da Alemanha em 2006 (R$ 10,7 bilhões) e com a Copa da África do Sul em 2010 (R$ 7,3 bilhões).
A gastança não vai parar por aí.
Em junho, Luis Manoel Rebelo Fernandes, secretário-executivo do Ministério dos Esportes e coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), avisou que, até o apito inicial do jogo de abertura, a conta deverá subir para R$ 33 bilhões.
Em 2007, Lula garantiu que não seria aplicado um único centavo de dinheiro público na festa do futebol explorada pela Fifa. Há duas semanas, acuada pela onda de manifestações de rua, que não pouparam o desperdício colossal, Dilma Rousseff repetiu uma das fantasias desfiadas pelo padrinho.
“Quero esclarecer que o dinheiro dos estádios é fruto de financiamento e será devidamente pago pelos futuros gestores dessas arenas”, recitou a presidente.
A recuperação das boladas que o BNDES bancou é tão improvável quanto o resgate da dinheirama emprestada pelo banco a Eike Batista.
“Jamais permitiria que esse dinheiro saísse do orçamento federal, que é usado para a educação e a saúde”, afirmou Dilma.
O discurso tropeça em dados oficiais: 85% das obras serão custeadas pelos governos federal, estaduais e municipais.
Segundo o Ministério do Esporte, R$ 9 bilhões serão investidos em “mobilidade urbana e transporte público”.
Até agora, ninguém viu o que Aldo Rebelo considera “o grande legado do evento”.
A pouco mais de 300 dias do início da Copa da Ladroagem, o que se viu foi uma procissão de contratos superfaturados, projetos reformulados, licitações espertas e aditivos que engordam de modo obsceno os orçamentos originais.
O preço dos novos estádios é de assustar príncipe saudita. A Arena Mané Garrincha, por exemplo, consumiu nada menos que R$ 1,7 bilhão. Como Brasília não tem nenhum time na série A do Campeonato Brasileira, vai abrigar o elefante branco mais caro do mundo.
Além de superar em 28% o valor destinado ao programa Bolsa Família em 2013, os R$ 28 bilhões investidos na Copa de 2014 seriam suficientes para construir:
─ 467 mil casas populares
─ 43 mil Unidades Básicas de Saúde
─ 31.748 escolas de Ensino Fundamental
─ 123 quilômetros de metrô
─ 5,6 mil quilômetros de ferrovia
─ 11,2 mil quilômetros de rodovia
─ 233 aeroportos
Também daria para comprar 13,2 milhões de passagens aéreas (ida e volta) na rota Natal-Rio de Janeiro.
Ou 541 unidades de um dos modelos de avião usados pela FABTur.
Se fosse doados à Câmara presidida por Henrique Alves, todo deputado teria um jatinho para chamar de seu.
09 de julho de 2013
JÚLIA RODRIGUES
A cifra recordista supera a soma dos gastos com a Copa da Alemanha em 2006 (R$ 10,7 bilhões) e com a Copa da África do Sul em 2010 (R$ 7,3 bilhões).
A gastança não vai parar por aí.
Em junho, Luis Manoel Rebelo Fernandes, secretário-executivo do Ministério dos Esportes e coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), avisou que, até o apito inicial do jogo de abertura, a conta deverá subir para R$ 33 bilhões.
Em 2007, Lula garantiu que não seria aplicado um único centavo de dinheiro público na festa do futebol explorada pela Fifa. Há duas semanas, acuada pela onda de manifestações de rua, que não pouparam o desperdício colossal, Dilma Rousseff repetiu uma das fantasias desfiadas pelo padrinho.
“Quero esclarecer que o dinheiro dos estádios é fruto de financiamento e será devidamente pago pelos futuros gestores dessas arenas”, recitou a presidente.
A recuperação das boladas que o BNDES bancou é tão improvável quanto o resgate da dinheirama emprestada pelo banco a Eike Batista.
“Jamais permitiria que esse dinheiro saísse do orçamento federal, que é usado para a educação e a saúde”, afirmou Dilma.
O discurso tropeça em dados oficiais: 85% das obras serão custeadas pelos governos federal, estaduais e municipais.
Segundo o Ministério do Esporte, R$ 9 bilhões serão investidos em “mobilidade urbana e transporte público”.
Até agora, ninguém viu o que Aldo Rebelo considera “o grande legado do evento”.
A pouco mais de 300 dias do início da Copa da Ladroagem, o que se viu foi uma procissão de contratos superfaturados, projetos reformulados, licitações espertas e aditivos que engordam de modo obsceno os orçamentos originais.
O preço dos novos estádios é de assustar príncipe saudita. A Arena Mané Garrincha, por exemplo, consumiu nada menos que R$ 1,7 bilhão. Como Brasília não tem nenhum time na série A do Campeonato Brasileira, vai abrigar o elefante branco mais caro do mundo.
Além de superar em 28% o valor destinado ao programa Bolsa Família em 2013, os R$ 28 bilhões investidos na Copa de 2014 seriam suficientes para construir:
─ 467 mil casas populares
─ 43 mil Unidades Básicas de Saúde
─ 31.748 escolas de Ensino Fundamental
─ 123 quilômetros de metrô
─ 5,6 mil quilômetros de ferrovia
─ 11,2 mil quilômetros de rodovia
─ 233 aeroportos
Também daria para comprar 13,2 milhões de passagens aéreas (ida e volta) na rota Natal-Rio de Janeiro.
Ou 541 unidades de um dos modelos de avião usados pela FABTur.
Se fosse doados à Câmara presidida por Henrique Alves, todo deputado teria um jatinho para chamar de seu.
09 de julho de 2013
JÚLIA RODRIGUES
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