O Fiasco do João Cândido e a história das "5 Irmãs"
por Políbio Braga
Este navio petroleiro, o João Cândido, lançado ao mar pernambucano (Ipojuca) no tumulto do início de uma campanha pré-eleitoral, 7 de maio do ano passado, teria que ser entregue à Transpetro em agosto de 2010, mas até hoje não saiu do lugar.
É um navio fantasma de R$ 336 milhões, o dobro do valor que a Petrobrás pagaria a qualquer estaleiro da Holanda, Cingapura ou Coréia.
É dinheiro ao mar, como descreveu reportagem de página inteira a revista Veja, dia 31 de agosto.
O editor investigou e descobriu que nada mudou de lá para cá.
E isto que a EAS tem contrato para entregar outros 21 petroleiros.
O Estaleiro Atlântico Sul (Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, com o apoio da coreana Samsung Heavy Industries) não sabe o que fazer para dar explicações, mas além de demitir toda a diretoria, inclusive o presidente Ângelo Alberto Bellelis, pouco conseguiu avançar nos reparos e finalizações.
Foi mais um dos embustes do ex-presidente Lula.
Lula e seu governo andaram bem quando descobriram as enormes fortunas do Fundo de Marinha Mercante, resolveram reanimar a indústria naval brasileira e convenceram a Petrobrás a confiar boa parte de suas encomendas de petroleiros e plataformas a novos estaleiros criados sobretudo pelas "Cinco Irmãs", com as quais mantinham relações carnais há muitos anos. A última encomenda do porte, feita pela Petrobrás, foi em 1987.
O governo do PT fez aprovar novas leis para privilegiar a todo custo mão de obra e fornecedores brasileiros, desprezando a inteligência e o bom uso do dinheiro público.
O que ocorre com o navio João Cândido é a história anunciada de gente sem expertise no setor, acostumada a fazer lobby parlamentar, driblar governos e e ganhar tempo e apoio nos tribunais.
A história das "Cinco Irmãs" é a história de Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht e OAS. Quem não entrou como estaleiro, entrou como construtor de estaleiro, para que se entenda melhor o que ficou combinado.
Estão todas também no RS.
O vídeo que você verá a seguir, explica melhor os problemas estruturais do navio João Cândito (R$ 336 milhões), que o Estaleiro Atlântico Sul (Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, os mesmos que atuam no RS) tenta entregar para a Petrobrás desde o ano passado e que Lula "inaugurou" em maio de 2010 para ajudar a campanha de Dilma Rousseff.
Os comentários a seguir acompanham a linha do tempo do video:
1. de 00 a 06s: É possível ver as soldas mal feitas, tem “chupões” e “setas” (Chupão é quando as chapas entram para o interior e setas é quando as mesmas são projetadas para fora do casco). Os dois casos são erros clássicos de soldadura.
2. Em 00:11: marcas longitudinais das cavernas.
3. Em 00:24: dois riscos horizontais na pintura do casco: são cordões de solda grotescos, fora de todo e qualquer controle de produção.
4. Em 00:29: cavernas pré-construídas e NÃO travadas – contrário do que determina a norma. A cena se aprofunda até 00:39. Pode também se observar que o procedimento da soldagem foi contínuo, também contrário a norma da AWS.
5. Em 2:19: pode-se observar a origem dos profissionais.
* Os comentários são do editor, com ajuda de consultoria da área.
Fonte: Blog do Políbio Braga
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"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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