Por esta Cesare Battisti certamente não esperava. Condenado à prisão perpétua na Itália, foi ontem recebido quase com honras de chefe de Estado no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Desfilou ainda pela imprensa gaúcha e pelo centro da cidade com uma aura e sorrisos de celebridade.
Em março de 2007, o terrorista foi preso quando passeava tranqüilamente no calçadão de Copacabana. Ligado às Brigadas Vermelhas, que durante dez anos sabotaram fábricas, assaltaram bancos e realizaram atentados contra juízes, jornalistas, policiais e empresários, culminando com o seqüestro e assassinato do ex-premiê Aldo Moro, em 1978, Battisti foi condenado à prisão perpétua - à revelia - por quatro homicídios nos anos 70.
Battisti se diz inocente. Mas não ousou comparecer aos tribunais para defender-se quando estava sendo julgado. Estava gozando de um exílio idílico na França, graças a uma lei de Mitterrand que negava extradição a terroristas italianos.
Em 2004, com a cassação do asilo, fugiu para o Brasil, para não ser reenviado à Itália. Sua escolha foi sensata. O Brasil está se tornando um resort de luxo para terroristas aposentados. É o único lugar do mundo em que guerrilheiros presos e condenados por ações terroristas estão hoje confortavelmente sentados nos altos escalões do poder. Battisti deve ter intuído que encontraria nas praias cariocas o meio-ambiente ideal para gozar ses vieux jours. Antonio Negri, outro terrorista italiano, ligado às Brigadas Vermelhas e responsável por inúmeros crimes, ganhou coluna na Folha de São Paulo. Por seus feitos, certamente.
Com a ameaça de extradição de Battisti para Itália, Fernando Gabeira imediatamente saiu em socorro do companheiro de terror e liderou um movimento, junto ao governo e parlamentares, para evitar que Battisti tivesse de cumprir a pena a que foi condenado na Itália: prisão perpétua.
Gabeira certamente terá êxito – escrevi na época. O Supremo Tribunal Federal já havia negado extradição a três outros terroristas italianos: Achille Lolo, acusado de matar duas crianças em incêndio e hoje assessor oficioso do PSOL; Luciano Pessina, membro das Brigadas Vermelhas e Pietro Mancini, participante da organização Autonomia Operária.
Gabeira teve êxito. Em 2009, quando ministro da Justiça, o stalinista Tarso Genro concedeu asilo político ao assassino. "A sua potencial impossibilidade de ampla defesa face à radicalização da situação política na Itália, no mínimo, geram uma profunda dúvida sobre se o recorrente teve direito ao devido processo legal", dizia o texto assinado por Tarso ao justificar a concessão do refúgio. Como se a Itália contemporânea fosse uma ditadura onde um réu não tem direito à defesa. Battisti foi condenado à revelia porque estava refugiado na França, sob as asas protetoras do colaborador nazista François Mitterrand.
O Brasil já teve fama internacional por ser um país generoso com assaltantes internacionais e mafiosos. Você já deve ter visto não poucos filmes em que um vigarista bem sucedido, já nas cenas finais, após livrar-se da polícia, prepara as malas com uma bela cúmplice e escolhe seu rumo com um sorriso beatífico: Brasil. Os tempos mudaram. Atualmente estamos recebendo de braços abertos uma nova safra de delinqüentes, os terroristas.
Em Porto Alegre, Battisti foi recebido com abraços no palácio do governo por Tarso Genro, que acaba de voltar das Disneylândia das esquerdas tecendo loas à ditadura cubana. Tudo muito coerente. O capitão-de-mato que devolveu ao gulag tropical dois dissidentes que buscavam refúgio no Brasil, recebe agora os agradecimentos do terrorista ao qual ofereceu refúgio.
Diz Battisti em entrevista à Zero Hora:
- Tarso como homem, ministro e hoje governador é uma pessoa que mostrou ter um valor muito alto de ética e de coragem política. Quando ele teve de se expressar e decidir sobre o meu caso, mostrou tudo isso. Eu tinha muita vontade de conhecê-lo pessoalmente e de apertar a mão dele, como hoje aconteceu.
Tarso desejou que Battisti fizesse bom proveito da liberdade. Que aproveitasse a generosidade do povo brasileiro. O criminoso quer agora encontrar-se com Lula, que foi o responsável, em última instância, por seu asilo. Lula, que já abraçou Kadafi e o saudou como “amigo e irmão”, certamente não verá nisto nenhum inconveniente.
A Zero Hora, gentilmente, define o terrorista como ativista. A Folha de São Paulo também é gentil. Fala em ex-terrorista. Ora, se Battisti é inocente dos assassinatos pelos quais é acusado – como pretende – nunca foi terrorista nem pode ser ex-terrorista. Se é culpado, como foi julgado, é terrorista e terrorista continua sendo, pois em momento algum renegou seu passado.
O ativista Bin Laden teve uma idéia infeliz ao refugiar-se no Paquistão. Viesse para o Brasil não precisaria esconder-se e estaria sendo caitituado pela imprensa e recebido por governadores.
25 de janeiro de 2012
janer cristaldo
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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