Alguns motivos terão levado a presidente Dilma a restringir a reforma ministerial ao preenchimento apenas de vagas em aberto, se é que algum dia pretendeu mudanças ampliadas em sua equipe de governo. O maior terá sido a avidez com que os partidos da base oficial lançaram-se à perspectiva de um troca-troca do qual pretendiam sair reforçados.
O jogo de pressões tinha começado, podendo até abalar a solidez do esquema parlamentar do governo. PMDB e PT imaginaram avançar nos ministérios das Cidades, do Trabalho, dos Transportes e da Agricultura. O PP ameaçou sair da base caso perdesse o ministério das Cidades, mesmo disposto a sacrificar Mário Negromonte. O PR aproveitou para forçar saída de Paulo Silva, desde que mantivesse o ministério dos Transportes.
Quaisquer que fossem as opções de Dilma, o quadro - de resto já precário - seria desarrumado. Além de a presidente não poder evitar a imagem de continuar prisioneira dos partidos e do fisiologismo, além da sombra do Lula, que, mesmo sem pretender, o transforma em condômino do poder.
Sendo assim, Dilma ficou com as substituições já efetuadas ao longo de 2011, na Casa Civil, na Defesa, no Turismo, na Agricultura, nos Esportes e no Trabalho, além do roque entre Coordenação Política e Pesca, optando apenas por nomear os novos ministros da Educação, da Ciência e Tecnologia, do Trabalho e da Política para Mulheres.
Salvo engano, é claro, porque apenas na próxima semana as mudanças serão anunciadas. Parece certo que Aloísio Mercadante irá para a Educação, provável que Marco Antônio Raupp será ministro da Ciência e Tecnologia e possível que Vieira da Cunha para o Trabalho, ignorando-se quem seria nomeada ministra da Política para Mulheres.
Não sobrevindo surpresas, em especial nas Cidades, resume-se a isso a reforma ministerial. 2012 por enquanto não será o ano da independência. Talvez possa ser depois de conhecidos os resultados das eleições municipais de outubro.
Uma nuvem de tranqüilidade paira sobre o ministério, parecendo que não vai chover na próxima terça-feira, quando da reunião da equipe inteira com a chefona. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, ou quase.
A pergunta que se faz é sobre as diretrizes de governo para o ano em curso, tema que prende mais as atenções da presidente da República do que a reforma ministerial.
19 de janeiro de 2012
Carlos Chagas
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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