"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

SOBRE A DESIGUALDADE BRASILEIRA

Ministra segue exemplo de Lula e protesta contra números sobre a desigualdade brasileira

Uma coisa a gente tem de convir: eles têm método, e sua noção de pudor é muito particular. Em novembro do ano passado, o PNUD divulgou o IDH do Brasil — de 0,715 em 2010 para 0,718 em 2011. O país andou apenas uma posição.
Saiu do 85º lugar para o 84º. Lula ficou furioso. Achou pouco.
Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência — da Presidência de Dilma, bem entendido — não se constrangeu em revelar:
“Lula nos deu um telefonema iradíssimo hoje, disse que (o resultado) era injusto e que a gente tinha de reagir”.

Muito bem. Agora Leiam o que informa o Portal G1. Volto em seguida:

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, rebateu nesta quinta-feira (19) a divulgação de um estudo da Oxfam (entidade de combate à pobreza e a injustiça social presente em 92 países) que coloca o Brasil em segundo lugar no ranking de desigualdade nos países do G20, atrás apenas da África do Sul.

Campello argumentou que é preciso fazer uma análise da evolução do país ao longo dos anos. “Uma coisa é a gente olhar a situação hoje, outra coisa é a gente olhar a evolução que nós tivemos”, afirmou a ministra, que participou, nesta terça, de uma reunião sobre o plano Brasil Sem Miséria com a presidente Dilma Rousseff.

“O Brasil reconhecidamente por todas as instituições internacionais é o pais que mais vem reduzindo desigualdade, agora, nós temos 500 anos de história, então temos que olhar o filme. Nós conseguimos retirar 28 milhões de pessoas da pobreza, 40 milhões de pessoas entraram na classe média, temos ainda uma meta de incluir 16 milhões de brasileiros. Achamos que é possível exatamente porque estamos partindo desse patamar”, disse ela.

Pesquisa

De acordo com a pesquisa “Deixados para trás pelo G20″, apenas a África do Sul fica mais mal colocada que o Brasil em termos de desigualdade.
Como base de comparação, a pesquisa também examina a participação na renda nacional dos 10% mais pobres da população de outro subgrupo de 12 países, de acordo com dados do Banco Mundial.
Neste quesito, o Brasil apresenta o pior desempenho de todos, com a África do Sul logo acima.

A pesquisa afirma que os países mais desiguais do G20 são economias emergentes. Além de Brasil e África do Sul, México, Rússia, Argentina, China e Turquia têm os piores resultados.

Já as nações com maior igualdade, segundo a Oxfam, são economias desenvolvidas com uma renda maior, como França (país com melhor resultado geral), Alemanha, Canadá, Itália e Austrália.

Voltei

Isso é método. Se um determinado resultado serve para o petismo demonstrar que seus adversários são homens perversos, maus, que não dão bola para a desigualdade, eles o alardeiam como verdade universal. Se, no entanto, os dados são ruins para o PT, eles questionam a régua, como fez Lula (que nem presidente era mais) e como faz agora a ministra Teresa Campello.

Nos tempos do governo FHC, por exemplo, os petistas não queriam saber do “processo”. Eles vieram a descobri-lo só em 2003.
A resposta da ministra não deixa dúvida: se há ainda algo a ser corrigido no Brasil, deve-se aos 503 anos anteriores à chegada do PT ao poder.

O que eventualmente houver de bom, bem, aí é coisa do PT, é evidente. Notem que o Plano Real, por exemplo, desapareceu de sua equação.

Tal método seria ridicularizado em qualquer país democrático do mundo. Por aqui, não são poucos os que começam a achar que o PNUD e a Oxfam não estão fazendo justiça ao PT. Afinal, o partido acha que suas intenções também têm de entrar na equação.

19/01/2012
Reinaldo Azevedo

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