"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O RETROCESSO

Janer Cristaldo, em crônica intitulada “São Paulo Quer Analfabetizar Ainda Mais As Novas Gerações”*, discorre sobre a pobreza cultural que marca a geração atual.
Coincidência ou não, o ensino no Brasil deu marcha-à-ré a partir da chamada “Nova República” que trouxe para a administração do país pessoas de reputação e cultura duvidosas como José Sarney e Collor de Mello.
Esse último foi quem introduziu analfabetos na administração da coisa pública, como aquele sindicalista, cujo nome já nem me lembro, nomeado Ministro do Trabalho, o inventor do adjetivo “imexível”, e uma amadora para gerir as finanças, a Zélia, que meteu a mão na poupança (seja em que sentido for) dos brasileiros.
Esses foram os primeiros sinais do retrocesso cultural que hoje domina em qualquer setor e que levou à Presidência da República uma pessoa que não teve sequer o ensino fundamental concluído e, em sua vida, jamais leu um livro.
No Executivo, ministros e secretários de Estado, que não têm a mínima intimidade com o vernáculo e muito menos com a área para a qual são designados, vivem nos impingindo balelas, inaugurando obras “no papel” e se mantendo no poder graças a um blábláblá inconsistente.
No Legislativo, os Romários, os Danrlei da vida, e muitos outros que de legisladores só têm a denominação, porque as leis aqui são feitas por medidas provisórias do Executivo, só enchem os bolsos e as manchetes dos jornais. Nada mais.

O Judiciário já não existe. Quem julga são os estagiários, os assessores, os secretários. São esses que têm “contatos” com advogados safados, que não têm cultura jurídica, mas têm lábia e o dinheiro do cliente, para fazer dele o que bem entenderem.

Tudo isso, a imoralidade, a corrupção, o desmantelamento das instituições só tem uma origem: o retrocesso cultural.
A safadeza ocupa o lugar da cultura porque, a partir do momento em que novas “teorias pedagógicas” foram adotadas, com desprestígio para a classe do magistério, os verdadeiros professores se afastaram das salas de aula. Aqueles professores que cuidavam não só da instrução como da educação dos alunos já não existem. E a cultura faliu.

12 de janeiro de 2012
João Eichbaum
* O artigo de Janer Cristaldo encontra-se em arquivo do dia 22 dez 2011, neste blog

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