O documento concebido para revelar a face escura do governo acabou escancarando a alma subalterna da oposição oficial
Divulgado no fim de dezembro pela direção do PSDB, o “balanço crítico do primeiro ano do governo Dilma Rousseff” é dividido em 13 tópicos.
Nenhum deles trata dos seis ministros que perderam o emprego por envolvimento em grossas bandalheiras.
Tem 3.226 palavras. Corrupção não figura entre elas.
Desapareceu durante a revisão do texto original redigido por Alberto Goldman. “A presidente é tolerante com a corrupção”, constatou o ex-vice-governador de São Paulo. “O ex-ministro Palocci, nas palavras da presidente, saiu porque quis”, exemplificou.
Tanto a constatação quanto o exemplo foram censurados por tucanos empoleirados em galhos mais altos.
Tampouco sobreviveram ao crivo dos poltrões vocacionais três adjetivos que ajudavam a retratar o desempenho do Planalto nos últimos 12 meses: “medíocre”, “amorfo” e “insípido”.
Mais respeito com a presidenta, certamente protestou algum devoto de Geraldo Alckmin.”A constrangedora sucessão de fracassos” fustigada por Goldman reapareceu no balanço aprovado pelos chefes do partido fantasiada de “sérios problemas em diversas áreas”.
Os censores acharam igualmente grosseiro qualificar o período de “nono ano do governo Lula”, ou registrar que Dilma age como “fantoche”. Não se faz isso com uma dama, deve ter ponderado um discípulo de Aécio Neves. E as duas verdades foram para o ralo.
Concebido para revelar ao Brasil a face escura dos donos do poder, o documento só serviu para escancarar a alma subalterna dos oposicionistas mais governista da história republicana.
Uns e outros vão desaparecer nos escombros da Era da Mediocridade.
Augusto Nunes
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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