Tanto Vladimir Putin como o Ocidente devem atentar para a mensagem por trás dos protestos
Manifestações grandes e pacíficas na corrida para uma eleição presidencial podem parecer sinais de uma democracia saudável. Não na Rússia. Ao invés disso, os protestos em Moscou refletem um crescente desencantamento com o sistema de democracia “gerenciada” sob o governo de Vladimir Putin, que planeja retornar como presidente no mês que vem.
Os protestos têm duas características marcantes. Primeiro, eles são restritos e ordeiros, como convém aos seus participantes, em sua maioria usuários da internet e oriundos da classe média. A não ser por alguns nacionalistas raivosos, estes não são revolucionários que exigem a derrocada de um regime, como em 1917. Eles são russos comuns que se beneficiaram dos frutos de uma década de crescimento econômico, mas lutam por mais liberdade política, por um Estado mais transparente, menos manipulação das urnas e menos corrupção. Eles foram levados à rua com medo de que Putin, que foi presidente em 2000-2008 e depois deixou Dmitry Medvedev governar por quatro anos, ficará no poder até 2024, sem nenhum lampejo de esperança por reformas.
Uma segunda característica é que os manifestantes não têm líderes óbvios que possam substituir Putin. Eles não estão pedindo a sua derrocada, ou mesmo apoiando outro candidato nas eleições (em parte porque os liberais foram impedidos de participarem). Diferentemente das revoluções coloridas que varreram a Ucrânia e a Georgia, ou a Primavera Árabe, os manifestantes têm demandas estreitas, específicas, como a repetição da eleição da Duma, em dezembro, e a dissolução do chefe da comissão de eleição, o que mostra um desejo maior pelo cumprimento da lei e por instituições que funcionem de maneira adequada na Rússia. Os manifestantes buscam uma mudança evolucionária, não revolucionária, um ponto que eles poderiam conseguir se estivessem mais dispostos a negociar com vozes liberais do establishment, ao invés de rejeitá-las.
Deixe que os russos se libertem
O Ocidente está em uma posição estranha. Ainda que a Rússia se beneficiasse do cumprimento da lei e de eleições justas, o Ocidente não poderia arcar com o custo de ser flagrado dando apoio aos manifestantes. Putin foi eleito e, até recentemente, tinha apoio popular. Mas o Ocidente ainda deveria ser incisivo em alertar Putin das consequências de qualquer apelo à força após a eleição. Isso significa sanções específicas, duras, se necessário. Os russos são ricos e sofisticados o suficiente para escolher seus políticos sozinhos. A repressão aberta, entretanto, deveria encontrar resistência.
14/02/2012
fonte: Economist
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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